Quando Jeff Bezos contou à sua mulher, MacKenzie, que tinha uma ideia para uma nova empresa, esta embarcou logo no projeto.
Bezos viajou com o marido até Seattle, onde trabalhou como contabilista numa Amazon à época ainda verdinha.
A mudança foi uma reviravolta para a licenciada de Princeton, que há muito sonhava ser escritora. Porém, estava desejosa de apoiar o marido.
“Para mim, nada melhor do que ver o nosso marido, alguém que amamos, viver uma aventura”, disse MacKenzie numa entrevista à CBS.
Desde os primórdios da Amazon, Bezos correu atrás do seu sonho literário e publicou dois romances: “The Testing of Luther Albrights”, em 2005, e “Traps”, em 2013.
Saiba mais sobre a carreira da escritora premiada MacKenzie Bezos.
MacKenzie cresceu em São Francisco. Contou à Vogue que era uma criança tímida que costumava ficar no quarto a escrever histórias.
Escreveu o seu primeiro livro, “The Book Worm” (o papa-livros), com seis anos. Perdeu o romance manuscrito de 142 páginas numas cheias, segundo a sua biografia de autora na Amazon.
Depois de terminar o ensino secundário, MacKenzie frequentou a Universidade de Hotchkiss e foi depois transferida para Princeton, onde estudou ficção com Toni Morrison, escritora galardoada com um prémio Pulitzer.
Morrison confidenciou à Vogue: “MacKenzie foi uma das melhores alunas que já tive nas minhas aulas de escrita criativa. Sem dúvida, uma das melhores.”
Na universidade, MacKenzie também trabalhou como lavadora de pratos, como empregada de mesa, de loja de roupa e de mercearia de luxo, e ainda como rececionista de restaurante, bibliotecária, datilógrafa, explicadora, ama e assistente de investigação de Toni Morrison, segundo nos diz a sua biografia na Amazon.
Depois de se licenciar, MacKenzie começou a trabalhar “para pagar as contas enquanto escrevia”, segundo nos conta a Vogue. Trabalhou como investigadora associada na empresa de gestão de investimentos D.E. Shaw. O seu futuro marido e colega de Princeton, Jeff, um dos vice-presidentes da empresa na altura, foi a primeira pessoa a entrevistá-la. Mais tarde, ela convidou-o para almoçarem.
Passados três meses ficaram noivos e casaram-se três meses após a data. No ano seguinte, em 1994, ambos desistiram dos empregos e viajaram para Seattle para criarem a Amazon. MacKenzie tornou-se contabilista da nova empresa do marido e foi uma das primeiras funcionárias da Amazon.
Jeff contou à Vogue que, por vezes, acordava nas férias e encontrava a mulher a trabalhar no primeiro romance em casas de banho de hotéis. MacKenzie demorou dez anos a escrever e publicar “The Testing of Luther Albright”.
MacKenzie acabou por contar à Vogue que a sua família ganhou prioridade em relação à escrita. “Após o terceiro filho, sabia que não conseguiria ser a mãe que queria ser se continuasse a escrever. Esses anos foram muito atarefados.”
Disse à Vogue que o marido é o seu “melhor leitor”. Muitas vezes cancelava planos para ler e rever com atenção manuscritos do seu primeiro romance.
O primeiro romance de MacKenzie ganhou o prémio American Book Award em 2005.
Para eliminar distrações, MacKenzie trabalhava no seu pequeno apartamento. Lá, escrevia até ser tempo de ir buscar as crianças à escola.
“Quanto mais depressa terminasse, mais depressa podia partilhá-lo com o meu marido e falar sobre as personagens que ocupavam tanto espaço na minha cabeça”, disse MacKensie à Vogue. “Nos últimos três meses, tornaram-se tão reais e importantes para mim que começava a chorar só de pensar na viagem de carro para ir buscar os miúdos à escola.”
Em 2013, quando “Traps” foi publicado, MacKenzie não quis ser publicada pela nova editora da Amazon. “Dizemos que ela nos escapou por entre os dedos”, contou Jeff à Vogue.
MacKenzie procura escrever todos os dias. “Tenho de manter estas pessoas inventadas para que tenham espaço na minha vida”, contou ao Seattle Met. “Essencialmente, funciona melhor quando me levanto de manhã cedo e escrevo um pouco antes de falar com alguém, por isso costumo dividir a escrita em duas partes: uma antes de os miúdos se levantarem — e assim passo a manhã com eles — e outra enquanto estão na escola.
Num artigo publicado no blogue da editora Weidenfeld & Nicolson, MacKenzie disse, referindo-se à publicação de “Traps”: “Não tenho nenhuma expetativa em especial quanto ao que as pessoas possam pensar ou sentir quando leem ‘Traps’, tirando o facto de querer que se divirtam, que sintam que é real e poderoso o suficiente para que afete a forma como veem as próprias vidas.”
“Uma das coisas de que mais gosto nos livros é a colaboração entre a imaginação do escritor e a experiência pessoal de cada leitor”, escreveu. “Posso pegar num livro que li há dez anos e, em muitos aspetos, sentirei que é uma história diferente para mim, pois as minhas lutas e preocupações estão agora concentradas em coisas diferentes.”