Criptomoedas: 4 mitos difundidos por séries de televisão
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27 de Julho de 2018

A visão de Nick Saponaro, em colaboração com o quartz.com, contada na primeira pessoa

Acha que sabe alguma coisa sobre criptomoedas? É provável que esteja errado. São muitas as pessoas que assumem que as criptomoedas vão substituir as instituições financeiras, erradicando a aparentemente frequente má conduta dos grandes bancos — enquanto outras acreditam que surgem como uma solução para lucro rápido e acabam falidas, devastadas e a alegar que as mesmas «são uma fraude».

No fundo há muita gente que não compreende este mercado — o que me levou a tentar perceber a origem de variados equívocos relacionados. Quem é que anda a avançar essas ideias de as criptomoedas serem ou a nossa salvação ou o nosso tormento?

Então liguei a televisão.

É muito positivo que as criptomoedas estejam a infiltrar-se na cultura pop. Porém, de cada vez que um programa divulga informação incorreta quanto aos fundamentos da indústria das criptomoedas, a mesma sai prejudicada. A verdade é que o cidadão comum toma como certa a informação que lhe é transmitida — sem verificar os factos que as suas personagens favoritas, por exemplo, avançam em programas com grande audiência.

Vamos, assim, fazer essa verificação.

Seguem-se quatro exemplos de equívocos comuns ao redor das criptomoedas que a cultura pop está a propagar.

Mito n.º1: A Bitcoin é uma solução para enriquecer rapidamente

Realidade: Um investimento na Bitcoin e nas restantes criptomoedas não passa de uma aposta. Não existe garantia de retorno e se não fizer as devidas pesquisas poderá perder todo o seu dinheiro rapidamente. Por outras palavras, não seja como o Peter Griffin da série Family Guy — que sugere que a Bitcoin irá solucionar os problemas financeiros da sua família. O problema da família de Peter é que não sabe como poupar e a troca dos seus fundos «tradicionais» por criptomoedas não irá mudar isso. (Aliás, ser como o Peter é, no geral, uma má ideia).

Mito n.º2: É possível perder criptomoedas da mesma forma que se perde ficheiros digitais

Realidade: Um dos encantos das criptomoedas é que existem numa blockchain. Isso significa que quando compra criptomoedas, as compras ficam «catalogadas» num registo público — uma rede de computadores que controla a titularidade de cada criptomoeda. Assim, se comprar bitcoins com o seu computador portátil e, por exemplo, o perder, as mesmas continuarão registadas na blockchain. Poderá aceder facilmente aos seus tokens a partir de outro dispositivo.

Tal poderá surpreendê-lo se tiver assistido ao episódio da série A Teoria do Big Bang dedicado à busca de um portátil que aparentemente tinha as bitcoins que Sheldon e os seus amigos tinham comprado sete anos antes. No fim as personagens concluíram que os tokens tinham sido descarregados para uma pen perdida há muito, insinuando que tinham perdido as suas bitcoins para sempre. Neste caso, não importa o quão inteligente o Sheldon aparenta ser: não confie sempre nele.

Mito n.º3: É fácil enviar, receber e gastar «bitcoins»

Realidade: A Bitcoin surge essencialmente como reserva de valor. Embora originalmente pensada para operar como moeda, é agora amplamente aceite pelos utilizadores de criptomoedas que a maior do mundo se manifesta mais como o ouro (uma realidade específica da Bitcoin, não representa todas as criptomoedas) do que exatamente como meio de troca.

É improvável que a Bitcoin venha a ser amplamente usada para pagamentos devido à lentidão das transações com a mesma.

A confusão de Leslie Knope é, assim, compreensível na série Parks and Recreation — quando um programador lhe diz para «lhe enviar algumas bitcoins por PayPal» como compensação. Além de a plataforma da PayPal não proporcionar transações com bitcoins, atualmente, as transações com criptomoedas (ainda) não são instantâneas. São extremamente seguras mas não são rápidas.

Mito n.º4: «Hackers» podem invadir o seu computador e furtar as suas criptomoedas facilmente

Realidade: Uma característica das criptomoedas é a segurança que concedem aos seus utilizadores graças a protocolos de segurança de alta tecnologia. Os fundos criptográficos armazenados numa carteira digital estarão protegidos por uma chave privada que por sua vez estará protegida por múltiplas senhas. É necessário um hacker aceder a toda essa informação para o «furto» de criptomoedas.

Contudo, é impossível ficar com ideia dessa segurança com o episódio da série Billions em que Axe «dá ao seu parceiro de negociação» um «livro-razão» com milhões de dólares sob a forma de criptomoedas. Além de as criptomoedas não se encontrarem armazenadas na blockchain — apenas as respetivas chaves privadas e os registos das transações associadas — o trader não tem o necessário para aceder aos fundos que Axe promete.

«Reality check»

A verdade pouco glamorosa: a tecnologia blockchain e as criptomoedas são incrivelmente complexas. São desafiantes mesmo para quem trabalha com as mesmas pois mudam quase diariamente. Porém, é pouco provável que venham a desaparecer. Assim, vale a pena saber mais sobre as mesmas, conquanto apenas uma compreensão básica — e se planeia investir a pesquisa é fundamental. Porém, falamos de busca por conteúdos fiáveis, não do que é retratado na televisão. Existem boas fontes, como os nossos Tutoriais. Bons investimentos!

Fonte: Quartz

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