Como ganhar um milhão com «bitcoins»: a história da rapariga das criptomoedas
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23 de Setembro de 2018

Erica Stanford conta-nos como deixou o seu trabalho para se dedicar à negociação de criptomoedas — talvez a melhor decisão que tomou na vida. Conheça a sua história, contada na primeira pessoa.

«Nem sempre fui boa com dinheiro. Na verdade, já tive dívidas no passado. Porém, sempre gostei de aprender coisas novas. Penso que foi daí que surgiu o meu interesse pelas criptomoedas. A primeira vez que ouvi falar na Bitcoin — uma moeda digital encriptada, o que significa que qualquer pessoa no mundo com ligação à Internet e um smartphone pode enviar bitcoins para onde quiser gratuitamente — foi em 2009, na rádio, mas apenas falei sobre a mesma com amigos e o meu pai.

No entanto, no ano passado, cansada do meu trabalho de vendas e marketing, comecei a pesquisar sobre a blockchain (que é como uma base de dados mundial sobre a qual as criptomoedas são criadas) — depois de o meu amigo John ter começado a investir na Bitcoin. Assim que li que é possível usá-la [a blockchain] para rastrear a origem de diamantes ou de antiguidades roubadas, ou para descobrir o histórico de carros em segunda mão, fiquei vidrada. Achei fascinante que tivesse toda essa utilização no «mundo real».

Assim, [interessada pelo sector], comprei o equivalente a 200 libras de bitcoins e de algumas criptomoedas mais recentes. Comecei a brincar, comprando as mais baratas. [A dada altura] investi cerca de 2 mil libras — com recurso a cartões de crédito. No espaço de apenas alguns meses alcancei 30 mil libras, que poupei e usei para pagar as minhas dívidas. Lembro-me de pensar: «Uau, isto é dinheiro de verdade — podia despedir-me e fazer só isto!»

E foi exatamente o que fiz. Em setembro de 2017 apresentei a minha demissão para me dedicar a tempo inteiro à negociação. Algumas pessoas no trabalho disseram-me que era parva, e senti algum receio no meu último dia, imaginando se seria realmente capaz de ganhar a vida com as criptomoedas — o que, sejamos francos, é ainda algo muito novo. Na altura, o meu chefe manteve o meu lugar disponível para quando «inevitavelmente» falhasse, o que me chateou um pouco. Porém, também me motivou a ser tão bem-sucedida quanto possível.

Creio que a Bitcoin tinha má reputação — de ser algo que as pessoas usavam para comprar drogas e armas na dark web. Contudo, na minha opinião, é como dizer que há algo de errado em usar dinheiro porque as pessoas usam-no para comprar coisas ilegais também. Isto para dizer que todos os meus amigos estavam preocupados — e que o meu pai fez o discurso de «vais acabar sem casa», especialmente porque tinha a hipoteca para pagar e dívidas do cartão de crédito.

E sim, fiz alguns erros no início.

O que me saiu mais caro foi quando negociei uma pequena criptomoeda ao longo de um dia, alcancei 5 mil libras, mas depois a minha carteira de criptomoedas entrou em «modo de manutenção»: ficou offline e não consegui levantar os fundos. Perdi tudo — e foi horrível. Só conseguia ouvir as palavras «eu avisei» do meu chefe na minha cabeça.

É muito fácil perder dinheiro no mundo das criptomoedas, e não percebi à partida que se uma criptomoeda sobe muito depressa é provável que também venha a cair muito depressa. Assim, atirei-me a pesquisa para tentar perceber o mercado, encontrar padrões e estabelecer o grande projeto seguinte no qual apostar.

Nunca esquecerei quando vi os números na minha carteira de criptomoedas a começar a subir pela primeira vez. No dia em que percebi que alcancei o meu primeiro milhão, alguns meses depois de ter deixado o meu trabalho, fiquei em pânico. Não sabia o que fazer — se pegar nos fundos e fugir ou se investir novamente. Decidi manter o investimento, mas era como dinheiro do Monopólio, não parecia real. Já tinha visto como o mercado podia ser volátil, logo não fiz grandes gastos nem contei a muitos amigos.

Estava determinada a manter os pés assentes na terra e a tratá-lo como a qualquer outro trabalho. Poderá ser difícil de acreditar, mas até agora a minha vida não mudou muito, além de ter mais algumas férias. Não me interpretem mal, sinto-me contente por poder pagar coisas como umas férias na Tailândia com bitcoins.

Posso sentir-me sozinha a trabalhar a partir de casa. A maioria dos dias sou só eu e o meu gato. Mas gosto de ser a minha própria chefe — e, um ano depois de ter deixado o meu trabalho, John e eu juntámos os nossos ativos. Juntos fizemos 20 milhões de libras. Já me pediram que investisse os fundos de outras pessoas — desde amigos a fundos de cobertura — mas não quero esse tipo de stress ou pressão. No entanto, sou feliz a aconselhar, e fui convidada para falar sobre criptomoedas em eventos por todo o mundo. Adoro ser conhecida como a rapariga das criptomoedas (the crypto lady).»

Fonte: BBC

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