Não se metam com Travis Kalanick
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O CEO da Uber tem dado que falar pela sua mente de estratega. Eis uma história pessoal de quem ficou com muito pouca vontade de competir com Kalanick. E você, seria capaz de lhe levar a melhor?

Nos últimos dias, tem existido muita especulação da imprensa sobre o GOOG-1.22% da Google com o lançamento de um concorrente, a Uber. Como um orgulhoso membro da Google, eu tenho um profundo respeito pela companhia, em particular, eu considero Larry Page um génio. Trabalhar com ele foi um privilégio. Contudo, quando coloquei este Tweet sobre o Larry e o CEO da Uber Travis Kalanick, levou a que muitos jornalistas me pedissem uma explicação mais detalhada:

"Eu não tenho informações sobre a Uber/Google. Mas, por mais que ache que Page é um génio, eu nunca mas nunca gostaria de competir com o Travis. Ele é demasiado bom."

Deixem-me contar-vos uma pequena história que vos pode dar uma ideia do porque eu achar que enfrentar o Travis é um desafio perdido (aviso: eu sou investidor na Uber).

Há alguns anos, antes de a Uber ser nada mais que uma app de telemóvel usada por um grupo de amigos, o Travis estava na minha casa nas montanhas durante as férias. Uma manhã antes de sairmos para a neve o meu pai desafiou o Travis para um jogo amigável de Wii Tennis. O meu pai é um homem competitivo e costumava jogar em torneios locais de ténis quando eu era um miúdo. Em casa ele tinha uma Wii e até se considerava um bom jogador da versão virtual do jogo. Por isso, ele pensou que seria uma boa oportunidade para vencer o Travis.

Quando o jogo começou, o meu pai estava numa postura atlética e confiantemente a dar tudo o que tinha. Ele até estava a suar um pouco. Contudo, o Travis mal mexeu o braço ou o movimentou o pulso. Apesar do meu pai ter aguentado e ter ficado relativamente igual, todos os jogos foram ganhos pelo Travis.

Foi aí que o Travis, com uma petulância do estilo da Princess Bride, anunciou que tinha estado a jogar com a sua mão oposta, e de seguida mudou. Uh-oh. Durante os próximos 20 minutos o meu pai não conseguiu marcar um único ponto. Ele estava completamente devastado. Todavia, olhando para o Travis, ficou claro que ele ainda estava a aquecer.

O Travis conseguia sentir que o meu pai estava abatido. Quer dizer, coitado, ele estava a ser derrotado em pelo menos um de dois serviços. Um pequeno sorriso apareceu na cara do Travis quando ele apertou a mão do meu pai, oferecendo-lhe um toque de consolo.

“Eu tenho uma confissão a fazer, Sr. Sacca. Eu joguei uma quantidade grande de Wii Tennis antes.”

Enquanto falava, ele usou o controlador para navegar através das opções na Wii para ver as pontuações mais altas.

“De facto,” ele continuou, “nas pontuações globais da Wii Tennis, eu estou empatado no segundo lugar do mundo.”

Eu conheço o Travis desde o tempo em que eu trabalhava na Speedera, uma companhia rival da sua, Red Swoosh. Eu sabia que ele era misteriosamente brilhante e que conseguia resolver matemática complexa de cabeça. A sua reputação como um talentoso vendedor e estratega de vendas precedia-o. Eu também observei ao longo de anos e anos o quão lutador, genial e engenhoso o Travis consegue ser quando constrói a sua empresa. A admiração mútua destas características no percurso das nossas carreiras foi o que nos levou a ser amigos em primeiro lugar.

Mas naquele dia em Truckee, fui recordado do quão incansável e obsessivo o Travis pode ser quando se trata de alcançar os objetivos que ele colocou a si mesmo. Se ele decide pesquisar uma nova industria, ele será um verdadeiro especialista dentro de dias. Se ele quiser entender uma nova cidade, ele estará lá dentro de 24horas só com uma mochila e a passear com os locais da região. Se ele quiser ser um dos melhores jogadores de Wii Tennis do mundo, enquanto esta ocupado a ser um dos fundadores de uma das empresas com o crescimento mais rápido da história e a consultar mais meia dúzia de outras empresas a partir do seu telemóvel, só precisam de lhe dar algumas semanas.

Ele não dorme. Ele não perde o foco. Ele até se esquece de comer. Ele trabalha uma e outra vez, inspirando aqueles à volta dele a ter a mesma paixão dele pela vitória tal como ele.

Por isso, se o Travis decidir que quer providenciar uma experiencia mais limpa, segura e fácil que o sistema de táxis que existe atualmente ele fara com que resulte. Se ele se propuser a reformar generalizações, corruptas, reguladoras, anti consumidoras, observem enquanto essas leis vão cair e expor os negócios escuros que as criaram. Se ele quiser eviscerar o racismo que evita que as pessoas de cor tenham acesso sistemático a táxis, isso vai acontecer. Se ele quiser tirar condutores embriagados das ruas, vão conseguir ver as taxas de mortalidade a cair onde quer que ele tenha o seu negócio. Se o Travis quiser construir uma companhia que ofereça, como diz a declaração da missão da Uber, “Transporte tão seguro como água corrente, em todo o lado e para todos,” ele fará com que isso aconteça.

Tal como o meu pai aprendeu a jogar ténis naquele dia, e tal como eu tenho sido recordado uma e outra vez, pensar em competir com Travis Kalanick? Boa sorte.

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