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Barry Ritholtz, colunista do bloomberg.com, analisa a forma como os CEO das empresas norte-americanas são compensados pelo seu desempenho

Embora surja como um exercício interessante de combinação de conteúdos, redes e serviços móveis, a compra da Yahoo! (NASDAQ: YHOO) pela Verizon (NYSE: VZ) por 4,83 mil milhões de dólares denuncia o mal que existe nas regras das compensações concedidas aos diretores executivos (CEO) de empresas dos EUA.

Versão resumida: os CEO são compensados pela emissão e revalorização de ações quando se verifica tendência altista nos mercados em vez de serem avaliados pelo seu desempenho, o que é absurdo.

Quando o negócio estiver concluído, a diretora executiva da Yahoo, Marissa Mayer, irá deixar a empresa com mais de 200 milhões de dólares no bolso por ter feito pouco mais do que aquecer o lugar durante os últimos quatro anos. Ou então veja os mil milhões de dólares que Jack Welch recebeu a trabalhar como CEO na General Electric (NYSE: GE) por ser tão brilhante quando o mercado passou por uma tendência altista em 1982 – para depois sair em 2000 quando as coisas pioraram. Também não foi nada doloroso ver o quanto lucrou pouco antes de ter sido revelado um enorme escândalo de rendimentos, que revelou como os números tinham sido manipulados durante anos.

Várias investigações têm demonstrado que a cotação das ações de determinada empresa é condicionada por influências externas. A regra geral é que a própria empresa só é responsável por cerca de um terço do movimento do valor. Já o mercado recebe os créditos por influenciar cerca de 40% desse valor, enquanto o desempenho da indústria em que a empresa se insere mexe outros 30%.

É claro que existem exceções. As incríveis cotações de produtos da Apple (NASDAQ: AAPL) (iPod, iPhone e iPad) são difíceis de igualar. Aliás, os ganhos e perdas das cotações das ações da grande maioria das empresas refletem aspetos que estão fora do controlo das empresas e até dos seus diretores.

Tem dúvidas em relação a esta tese? Pergunte a si próprio: como esteve a cotação das ações das melhores empresas entre janeiro de 2008 e março de 2009? E como é que se têm safado as piores empresas desde março de 2009 até agora? Pense em indústrias como construtoras em 2005, seguradoras de hipotecas em 2006 e bancos de investimentos em 2007; independentemente da gestão boa ou má destas empresas, as suas cotações foram todas abaladas.

São vários os fatores que influenciam a forma como as ações de uma empresa se saem:

  • Estado da economia
  • Taxa interna de retorno da empresa em termos de investimento de capital
  • Taxas de inflação e de juros
  • Equipa de gestão
  • Tendências da indústria
  • Acontecimentos globais
  • Receitas e lucros da empresa
  • Mercados com tendência altista ou baixista
  • Propriedade intelectual
  • Política da Reserva Federal

E esta não é uma lista muito exaustiva.

O ponto principal é que muitas coisas podem afetar – e afetam – o valor das ações das empresas.

O contra-argumento que dá é que pretende ter a situação sob controlo quando chega uma tempestade. Não o censuro, mas estou a sugerir que pagar esse controlo para conseguir um desempenho conforme o mercado é uma perfeita parvoíce.

O que é que faz mais sentido? Se os acionistas estão a compensar os CEO e equipas de gestão pela ótima forma como estão a gerir a empresa, então devem existir parâmetros com os quais é fácil concordar logo de início. Podem ser facilmente identificados e monitorizados em relação aos respetivos rivais. Considere os cinco parâmetros que se seguem:

  • Alterações nas receitas e rendimentos
  • Retorno do capital investido
  • Desenvolvimento de estratégias para o longo prazo
  • Execução da estratégia atual
  • Inovação e desenvolvimento da propriedade intelectual

A cotação das ações não é uma forma muito precisa de se compensar pelo valor proporcionado. Aliás, a cotação das ações pode até ser uma das piores formas de se julgar o desempenho de um diretor. Recompensa os diretores por eventos positivos que tenham ocorrido fora do seu controlo e não faz um trabalho muito eficaz na medição do impacto da gestão no desempenho geral da empresa. Esta forma de compensação transfere o dinheiro dos acionistas, que são os verdadeiros donos de uma empresa, e concede esse mesmo dinheiro à gestão, independentemente do seu desempenho.

Nos últimos anos, e especialmente depois da crise financeira, muitos analistas e investidores têm-se apercebido de que grande parte do dinheiro que os gestores proporcionam não é muito melhor – se é que não é pior - do que as médias do mercado. O resultado tem sido o crescimento da popularidade de fundos que minimizam o custo da gestão enquanto se tenta atingir retornos que simplesmente combinam com o mercado.

Devia verificar-se uma reforma semelhante nas políticas salariais das empresas; os diretores que proporcionam retornos que igualam o mercado ou a indústria deviam ser compensados como prestadores de serviços de baixo-custo.

Já há muito que isto devia ser aplicado.

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