Bitcoin, a moeda virtual transacionada na internet sem fronteiras. Apesar do lento progresso até agora, alguns encaram a moeda digital como o próximo passo para ajudar muitos africanos a entrarem na economia formal
Na mais extrema das afirmações a bitcoin (CURRENCY:BITCOIN) – a moeda virtual transacionada na internet sem fronteiras – irá acabar com as tradicionais empresas para transferência de dinheiro e irá ajudar a aliviar a pobreza.
Aceder às remessas de milhares de milhões de dólares enviadas para África é algo bastante atraente – e provavelmente poderá ajudar a atrair grandes investimentos para start-ups africanas focadas na bitcoin.
As empresas também têm procurado atrair utilizadores para a bitcoin ao cortarem os elevados custos das transferências internacionais. Alguns dos seus apoiantes [da bitcoin] chegam a afirmar que poderá permitir saltar as tradicionais infraestruturas financeiras num continente onde dois terços da população não tem acesso a bancos.
Partes de África já percorreram um longo caminho quanto ao desenvolvimento de sistemas de pagamento móvel que oferecem à população sem acesso a bancos diversas hipóteses para entrar na economia formal. Os defensores da bitcoin no continente dizem que a mesma levará essa facilidade mais longe – apesar de exigir uma ligação à internet que três quartos dos africanos ainda não têm.
Um pequeno grupo de utilizadores – essencialmente da África do Sul, Quénia e Nigéria – negoceiam especulativamente em bitcoin através de sites de forex, tal como fariam com qualquer outro ativo.
África hospeda vários serviços de câmbio de bitcoin, como o ICE3X e o BitX na África do Sul e o BitPesa em diversos outros países na África Oriental e Ocidental, onde os utilizadores podem trocar bitcoin e moedas tradicionais. Os sites de trading peer-to-peer, como o localbitcoins.com, também são populares.
“Não é necessária uma parte terceira – no Quénia pode enviar dinheiro através do M-Pesa, diretamente para o telemóvel, em troca das bitcoins que compra. Tem-se verificado um aumento incrível dos volumes negociados.” – Afirmou Michael Kimani, presidente da African Digital Currency Association.
“Uma das grandes oportunidades para a bitcoin poderá ser os pagamentos online mas também já vi pessoas a financiarem carteiras online, a utilizá-las para apostas desportivas online.” – Continuou.
Gastar bitcoin na região é mais difícil. O maior mercado online da África do Sul, o Bidorbuy, introduziu recentemente os pagamentos com bitcoin no seu site; uma mão cheia de outras retalhistas online, principalmente na África do Sul, já aceitam a moeda digital. Na maioria dos casos, uma empresa de câmbio de bitcoin lida com a parte final da transação, enquanto os comerciantes definem os preços em moeda local.
Apesar do lento progresso até agora, Nii Quaynor, frequentemente descrito como “o pai da internet em África” avançou ao The Guardian que “o enquadramento da moeda digital e das transações para a internet será o próximo passo” para o continente. Em março, a empresa que preside – Ghana Dot Com (GDC) – lançou aquela que afirma ser a primeira unidade de mineração bitcoin em África.
Quaynor está também esperançoso quanto ao potencial da tecnologia blockchain – vista como a pedra angular da inovação bitcoin – e avança que as aplicações não-financeiras para o registo de terras ou para votações poderão ser transformadoras. Diversos bancos em África estão também a ponderar a potencial utilização de blockchain.
A bitcoin ainda existe apenas num nicho muito específico. Houve excitação inicial com a moeda virtual – especialmente como uma forma acessível para africanos na diáspora enviarem dinheiro para casa – mas a mesma tem diminuído como resultado da volatilidade dos preços, nervosismo ao redor do anonimato e da segurança e dificuldades de entendimento do produto. Como se verifica um aumento da adoção da bitcoin, os governos e bancos centrais estão a considerar regular o setor – o que muitos pensam que irá legitimar a bitcoin e outros temem que venha a tornar mais difícil a realização de transações.
Por enquanto, os fãs da bitcoin em África irão continuar a negociar.