Hoje partilhamos consigo um dos mais gritantes exemplos de fraude na esfera das Ofertas Iniciais de Moeda. Conheça a história do AriseBank.
A aventura do AriseBank começou no final de 2017. Os seus fundadores, Jared Rice e Stanley Ford, lançaram uma Oferta Inicial de Moeda (ICO) tendo em vista a angariação de mil milhões de dólares para o seu projeto «inovador»: o primeiro banco de criptomoedas do mundo com uma gama completa de serviços.
«Estamos satisfeitos por estarmos na vanguarda da história. Sentimos que mais cedo ou mais tarde esses bancos irão surgir e queremos ser os fundadores desse processo na indústria como um todo. O banco, que irá fornecer serviços aos nossos clientes, conta com centenas de parceiros por todo o mundo.» — Declarou Jared Rice.
Na altura, os promotores do projeto declararam ter todas as certificações e licenças necessárias para a sua atividade — partilhando argumentos convincentes. Assim, não foi surpreendente quando o AriseBank reuniu cerca de 600 milhões de dólares na sua ICO. Porém, tal como acontece com todos os filmes de Hollywood, o enredo não poderia ser eternamente feliz.
The process to acquire an FDIC-insured bank is now in the transfer and regulation phase. We will announce a lot of info this week. Announcement via our CEO: https://t.co/42zwd0M33L @bitshares #AriseBank #Arise
— AriseBank (@AriseBank) January 7, 2018
Em janeiro deste ano o Texas Department of Banking ordenou que o AriseBank cessasse todas as operações da sua plataforma — avançando que a empresa promovia e oferecia serviços bancários sem autorização do estado para tal. De acordo com um comunicado de imprensa da agência reguladora federal, o banco não se encontrava registado junto da mesma.
Segundo a ordem inicial do Texas Department of Banking, publicada a 5 de janeiro, o AriseBank tinha vinte e um dias para recorrer da decisão da agência. A empresa não tomou qualquer medida e as autoridades determinaram a ordem como final — não sujeita a apelação. Porém, a história não ficou por aí.
No final de janeiro, a Securities and Exchange Commission (SEC) acusou o banco de fraude, nomeadamente de recurso a redes sociais e celebridades para promoção. O regulador afirmou que o banco enganava os seus investidores ao oferecer produtos e cartões Visa capazes de processar criptomoedas. Como resultado, o tribunal decidiu bloquear os ativos dos seus fundadores.
Algum tempo depois, em março, a SEC atualizou a informação sobre o caso, afirmando ter acrescentado que os réus não tinham partilhado informação sobre o passado criminoso de Rice — e que tinham avançado declarações falsas sobre a experiência de ambos. Rice foi ainda acusado de furto e falsificação de documentos governamentais em novembro de 2015.
Concluiu-se que os fundadores do AriseBank eram indivíduos bastante obscuros.
A biografia de Rice apresentava-o como «empreendedor em série» — destacando-se que publicou um livro sobre a sua vida. Tinha, alegadamente, lançado várias empresas, designadamente um motor de busca focado em crianças — que filtrava conteúdo impróprio — e uma empresa que desenvolvia aplicações móveis para escritórios de advogados.
Encontra-se atualmente sob detenção.
Stanley Ford, diretor de operações do AriseBank, foi mais inteligente do que o seu colega: levou uma vida mais oculta. Sabe-se apenas que vende petróleo e gás e que vive no Dubai. Nunca apareceu em nenhuma audiência do caso.
A história do AriseBank é mais um exemplo da cautela necessária neste mercado, uma amostra das iniciativas a evitar. Pesquise e analise sempre a fundo os projetos nos quais pretende investir, mesmo aqueles que parecem absolutamente inocentes e «conformes».