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A História mostra que as maiores invenções dos últimos dois séculos, por serem mais fundamentais, tiveram um maior impacto na vida das pessoas do que as invenções de hoje. Porém, podemos estar a caminhar numa direção completamente nova em que o grau de inovação seja muito difícil de avaliar.

A ideia parece contra-intuitiva dada a velocidade das inovações em Silicon Valley, ou do fluxo constante de descobertas científicas. Investigadores na Califórnia, por exemplo, descobriram recentemente um material sólido que, mesmo quando está exposto a luz solar direta, arrefece até cerca de -12 graus celsius abaixo da temperatura ambiente. Isto pode liderar o caminho de uma nova onda de tecnologia de arrefecimento.

Apesar disso, a natureza da inovação parece, de facto, estar a mudar. Uma análise de mais de 200 anos de dados dos Estados Unidos, por exemplo, sugere que, embora não esteja necessariamente a decrescer, seja menos fundamental e radical.

Olhando para códigos que representam uma serie de novas tecnologias usadas em cada nova patente, os investigadores descobriram um padrão histórico fascinante. Durante grande parte do século XIX, o número de códigos tecnológicos distintos aumentou exponencialmente. Os inventores faziam descobertas absolutamente fundamentais, aprendiam química básica, eletricidade, e termodinâmica. Eles descobriram a conservação de energia, como fazer baterias, e descobriram que as plantas eram compostas por células.

Depois de 1870, o foco da inovação virou-se para a procura de maneiras de combinar as descobertas prévias. A lâmpada de luz incandescente, por exemplo, requereu tecnologias para gerar eletricidade, bem como a tecnologia de fazer fios muito finos, e lâmpadas de vidro delicadas que contivessem gases inertes. O crescimento no número de códigos tecnológicos abrandou, enquanto o fluxo de novas invenções continuo no mesmo passo.

Desde 1970, o prevalecer do que os investigadores chamam inovações “gerais” – as que combinam tecnologias radicalmente diferentes – diminuiu. Estas invenções compunham cerca de 50% de todas as novas patentes em 2010, menos 20% que nas décadas que se seguiram à segunda guerra mundial. Por isso há um sentimento legítimo de que as inovações que vemos sair de Silicon Valley não são tão criativas como, digamos, as dos anos 50.

Tudo isto parece encaixar-se, pelo menos a nível cru, com a ideia – sugerida pelo economista Robert Gordon, entre outros:

A revolução tecnológica da informação não teve o mesmo impulso que episódios prévios tiveram, associados com canalização, caminhos-de-ferro, eletricidade, ou química petrolífera. Apanhámos um fruto que pendia baixo na árvore, como conta a história, e nem conseguimos competir com a nossa antiga criatividade para criar novos pratos.

O nosso entendimento do passo da inovação, contudo, é limitado por o que sabemos como medir – e em caso nenhum diz alguma coisa sobre o que pode acontecer no futuro. E se a inovação estiver a caminho de uma direção completamente nova? A maioria da nossa tecnologia, desde o petróleo a supercondutores, a tecidos sintéticos do fígado feitos numa impressora 3D, vem de influenciar e controlar como os átomos e as moléculas ou células interagem. Um reino inteiro de possibilidades pode residir noutro sítio, especialmente no mundo social, em aprender como gerir e expandir interacções humanas.

A esfera social pode ser onde as tecnologias de informação, continuando na medida da Google e do Facebook, podem ter o seu maior impacto. É difícil imaginar, por exemplo, que tenhamos apenas arranhado a superfície de possíveis tipos de organização de negócios. Ou de descobrir como a tecnologia pode ajudar a nossa criatividade coletiva, e ajudar-nos a aprender ou melhorar as nossas ações. Existem formas de democracia melhoradas tecnologicamente – ou outros tipos de governo que nunca sonhámos – que possam ser menos propícias a distorções por interesses especiais poderosos?

Não temos qualquer pista, em questões como estas, sobre o que pode ser possível, da mesma forma que os cientistas físicos não tinham sobre a eletricidade e química em 1700. Isto sugere que há ainda espaço mais que suficiente para inovações profundas serem feitas.

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