Porquê o entusiasmo à volta da MagicBand da Disney
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O dispositivo que a Disney concebeu para revolucionar a experiência do cliente nos seus parques temáticos está a criar uma onda de entusiasmo incomparável, apesar de consistir numa tecnologia equivalente ao Apple Watch. Sabe porquê?

Um artigo de Brooks Barnes no The New York Times, em Janeiro de 2013, relativo à pulseira “mágica” que a Disney estava a desenvolver despertou o meu interesse. Essa pulseira, chamada MagicBand, não foi apenas lançada – aparentemente é tão mágica como sugere. Como prova, leia a recente história de Cliff Kuang para o Wired sobre este dispositivo.

Ou dê apenas uma vista de olhos nas minhas respostas no Twitter. Desde que twittei algumas vezes sobre o artigo do Wired, há algumas semanas atrás, as respostas têm sido nada menos do que efusivas em relação à MagicBand.

Ou seja, as pessoas falam sobre planear uma viagem à Disney World apenas para experimentar o dispositivo. Eu sei que estou a pensar sobre isso.

O que é estranho para mim é a reação a este dispositivo face à reação ao Apple Watch. Quando se pensa sobre isso, de certa forma, a MagicBand é uma espécie de Apple Watch simples e despojado. Tem uma fração da funcionalidade (por uma fração do preço) e não há nenhuma razão para pensar que o Apple Watch não possa oferecer tudo o que a MagicBand oferece através de uma app da Disney.

Na verdade, considerando a estreita relação entre a Disney e a Apple (o CEO da Disney, Bob Iger, está no Conselho de Administração da Apple; Steve Jobs estava no Conselho de Administração da Disney quando faleceu – e era o maior acionista da Disney) eu ficaria mais surpreso se não víssemos algum tipo de funcionalidade como a MagicBand surgir para utilizadores do Apple Watch a viajar para os parques temáticos da Disney.

Mas estou a divagar… O que é mais interessante para mim aqui é que um dispositivo usável faz com que todos louvem a Disney, enquanto outro dispositivo recebeu a resposta “hum hum” das pessoas – ou pior, preocupação.

Muitas pessoas não entendem a lógica do Apple Watch. Porquê precisar de um quando já se tem o telemóvel? Preocupações com questões de privacidade, rastreamento de localização, etc.

Com a MagicBand muitos desses pontos fracos são vistos como pontos fortes: A partir do artigo no Wired:

"Se você estiver a utilizar a sua MagicBand da Disney e tiver feito uma reserva o anfitrião irá cumprimentá-lo na ponte levadiça e já saberá o seu nome – Bem-vindo Mr. Tanner! Será seguida por outra pessoa sorridente – Sente-se onde preferir! Nem vou mencionar que, por algum poder misterioso, o seu pedido irá encontrá-lo." “É como magia!” Diz uma mulher à sua família, quando se sentam. “Como é que encontram a nossa mesa?”

Eles encontram a sua mesa através do rastreamento de localização! Trata-se da mesma tecnologia utilizada, no mundo real, em situações de guerra. No mundo real, esta tecnologia é perigosa e invasiva. Na Disney World é como magia.

A MagicBand contém sensores que permitem aos hóspedes dar passeios possibilitando à Disney identificar a sua localização. Na Be Our Guest, os sensores permitem que os rádios na mesa e teto triangulem a sua localização para que o servidor o possa encontrar. Se a Disney decidir instalar esses sensores por todo o parque surge um novo mundo de dados. Você poderá vir a ter o Mickey ou a Branca de Neve a encontrá-lo. A Disney poderá utilizar as câmaras do parque para capturar momentos espontâneos da sua família – a desfrutar de passeios, a conhecer a Branca de Neve – e uni-los num filme personalizado. (As equipas de produção chamam-lhe Motor da História). Poderá também saber onde é que você esperou tempo de mais na fila e enviar-lhe um e-mail com um cupão para um gelado grátis ou um passe para outro passeio.

“Alguém chame o Journal ou o The Times, a Disney está a chegar para si e para os seus filhos! Precisamos de um título e história chamativos e que causem medo. Alguém dê à polícia um esboço da Branca de Neve. E, por favor, vamos intimar o Mickey a comparecer e explicar-se perante o Congresso.”

O que se passa: a Disney foi absolutamente genial com a criação desta MagicBand. Deveriam ter ideia de que iriam ter tanta liberdade para criar e lançar um tal dispositivo no seu ambiente controlado. Não apenas não assusta as pessoas, como as mesmas adoram-na. Conveniência sobre conspiração no Reino Mágico.

Outra coisa: o Apple Watch, se bem-sucedido, será a MagicBand do mundo real. Irá oferecer tudo o que a MagicBand oferece dentro da Disney World, mas em muitos outros lugares no mundo real. E muito mais.

Sim, o Apple Watch é caro. Também o é a MagicBand se considerar o custo da viagem à Disney World – especialmente se tiver uma família grande a tiracolo. São diferentes dispositivos, mas não são assim tão diferentes.

A diferença está na perceção. Como Kuang observa a determinada altura na sua peça, nada de mal pode acontecer na Disney World.

Fonte: Medium

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