A mais popular das moedas digitais – a bitcoin, tem uma adesão crescente. Porém ainda está longe de ser utilizada pelas massas. Mas será realmente necessária?
As moedas digitais aparecem e desaparecem, e apesar do surpreendente aumento da popularidade da bitcoin ao longo dos últimos 18 meses, a maioria da população ainda não embarcou no comboio bitcoin. Uma das coisas que tem atormentado as moedas digitais no passado foi a perceção de que elas são uma solução em busca de um problema. Será que alguém realmente precisa de moedas digitais como a bitcoin? Para quem são, e que propósitos servem realmente?
Os bancos estão focados no crescimento
Enquanto a recessão se afasta e se converte numa memória distante, os bancos começam a mudar de estratégia – alterando a sua situação de contenção de custos e mitigação de riscos para se focarem novamente no crescimento. Uma pesquisa recente de 100 bancos mostrou que em 2014, os diretores executivos acreditavam que quem não utiliza os bancos se tornaria na segunda maior oportunidade de obter rendimentos ao longo dos próximos três anos (perdendo apenas para o segmento de "Mass Affluent").
Um recente relatório bancário SWIFT e McKinsey intitulado "O crescimento primeiro" demonstrou como os bancos poderiam obter um crescimento considerável nos seus ganhos concentrando esforços em regiões com populações que possuíssem elevados números de habitantes que não utilizassem os bancos.
Os serviços financeiros chave dos bancos – pagamentos, empréstimos, seguros, etc. - estão a ser atacados por uma onda de startups inovadoras fintech, que estão a colocar uma pressão descendente sobre as margens operacionais dos bancos.
Quem não utiliza o banco como fonte de crescimento
O sucesso da iniciativa bancária M-Pesa móvel operada pela Safaricom no Quênia, ajudou a reduzir a percentagem do acesso bancário no país de 60 por cento para 25 por cento, destacando o papel que a tecnologia pode ter no atendimento aqueles que não utilizavam o banco. Mas estas pessoas são extremamente importantes para os mercados mais desenvolvidos, também. Uns estonteantes 68 milhões de cidadãos norte-americanos não utilizam um banco. Enquanto isso, uma pesquisa realizada pela Goldman Sachs na semana passada constatou que 33 por cento dos millennial americanos pensavam que não iriam necessitar de um banco num espaço de cinco anos.
É esta aliança daqueles que não usam o serviço bancário, dos millennial, e "o próximo mil milhão" que vão entrar online ao longo dos próximos 10 anos que vão impulsionar a adoção de pagamentos móveis e moedas digitais. Se os bancos não os apoiarem, arriscar-se-ão a perder uma fonte vital de rendimento.
Os clientes estão agora numa posição para começar a construir a sua própria infraestrutura financeira utilizando um conjunto de empresas que conhecem e em quem confiam. É incrivelmente fácil fazer o download de uma carteira bitcoin a partir da App Store ou Google Play e começar a gerir imediatamente o seu dinheiro.
Curiosamente, o Facebook anunciou o lançamento de um sistema de pagamentos móveis através da sua aplicação Messenger, o que significa que as transações financeiras podem agora ter lugar na mesma aplicação, sem quaisquer custos de transação. O Snapchatez algo semelhante com o SnapCash.
Tecnologia de próxima geração
Perante desintermediação, as instituições financeiras tradicionais estão a começar a pensar em como podem integrar as tecnologias de próxima geração para ajudar aqueles que não acedem ao banco.
Agora, alguns startups fintech oferecem a capacidade de carregar bitcoin em cartões de débito pré-pagos, sem necessitar de um rendimento garantido para serem configurados. Se uma pessoa que não utiliza o banco usar estes serviços com uma carteira bitcoin, então têm uma maneira de gerir o seu dinheiro sem necessitar de uma conta bancária. Os seus fundos podem ser gastos em qualquer lugar em que os cartões sejam aceites.
Os clientes tendem a escolher serviços que reduzem fricção nas suas vidas e a evitar os enormes custos de transações tipicamente envolvidos com serviços como o descontar de cheques. As transações difíceis e dispendiosas subitamente tornam-se desnecessárias e desatualizadas.
Uma economia descentralizada
Com o poder de volta, firmemente nas mãos do povo, os bancos devem atualizar os seus serviços para se ajustarem. Deixará de ser aceitável cobrar valores altos por apenas descontar cheques de pagamentos e enviar dinheiro para o estrangeiro. Ao apoiar soluções de tecnologia tais como a bitcoin que realmente ajudam quem não utiliza o banco, as instituições bancarias podem explorar esta origem vital de rendimento e crescimento.
A bitcoin está a amadurecer e a tornar-se num sistema seguro e protegido que oferece benefícios tangíveis para ajudar quem não utiliza bancos. Já não sendo uma solução à procura de um problema, será uma forma de muitos consumidores ao longo da próxima década obterem acesso a ferramentas financeiras enquanto evitam grandes custos de transações e taxas de serviço.