A Brigewater vai desenvolver um projeto de inteligência artificial aplicado aos investimentos. Os programas vão aprender com a volatilidade dos mercados e adaptar-se-ão a novas informações. Estaremos a caminhar para o dia em que o seu robô irá investir por si?
Tem havido por aí uns burburinhos sobre esta recente divulgação por parte da Bridgewater. Segundo uma pessoa com conhecimento na matéria, a empresa de Ray Dalio com o valor estimado de $165 mil milhões Bridgewater Associates vai começar no próximo mês a trabalhar num novo projeto de unidades de inteligência artificial, que vai envolver cerca de meia dúzia de pessoas. A equipa irá relatar os resultados a David Ferruci, que se juntou à Bridgewater no final de 2012 depois de ter dirigido a equipa de engenheiros da International Business Machines Corp responsável pelo desenvolvimento do Watson – o computador que conseguiu vencer jogadores humanos no programa de televisão de perguntas e respostas “Jeopardy!”.
A unidade vai criar algoritmos de negociação capazes de fazer previsões baseadas em dados históricos e probabilidades estatísticas, disse essa pessoa, que pediu para não ser identificada devido ao facto de a informação ser confidencial. Os programas vão aprender com a volatilidade dos mercados e adaptar-se à nova informação, ao contrário dos programas que apenas seguem instruções estatísticas. Uma porta-voz da Bridgewater sediada em Westport, Connecticut recusou fazer comentários sobre a equipa.
Tenho o maior respeito pelas aplicações de Inteligência Artificial da Bridgewater, no entanto é pouco provável que a sua iniciativa mais recente vá criar um exército de robôs estilo Exterminador Implacável que procuram incansavelmente o alfa na atividade dos investimentos.
Deixem-me explicar porquê. A abordagem clássica para avaliar o/a gestor(a) de investimentos é a partir dos 4 ou 5Ps:
- Pessoas: Quem são elas? Qual é a sua história? E a sua história jurídica, reguladora e da sua experiência, etc.?
- Desempenho (Performance em inglês): Quais os rendimentos? Qual o perfil do risco, etc.
- Filosofia (Philosophy em inglês): Porque é que pensa que tem um alfa? O que é que o/a distingue dos outros gestores?
- Processo: Como é que implementa a sua filosofia de investimento?
- Portefólio (opcional): O seu portefólio reflete o que disse sobre a sua filosofia e processo de investimento?
O problema dos sistemas de inteligência artificial que aprendem com o histórico e os seus erros é que são notoriamente mais difíceis de depurar. Quando alguma coisa fica fora de controlo, torna-se virtualmente impossível refazer os passos que levaram ao erro. A má decisão deveu-se a um bug ou a uma funcionalidade? Torna-se muito difícil de dizer.
No âmbito dos Ps, é muito complicado ter confiança num processo de investimento do qual não se faz a menor ideia do que se está a passar para além do facto de se tratar de um “black-box”. É por esse motivo que é pouco provável que a utilização destes sistemas passem a ser a norma, pois muito poucos patrocinadores vão confiar neles. Há falta de adoção destes sistemas, é improvável a existência de um futuro exército de Al-bots a eliminar o alfa.
Talvez eu esteja a ser um pouco antiquado, mas já estou por dentro disto há algum tempo.