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A Mini está a desenvolver o conceito de realidade aumentada para aplicar nos seus carros. Quais são as alterações que isso pode trazer à experiência de condução dos icónicos carros?

Embora o Google Glass tenha sido colocado de lado, grandes e pequenas empresas ainda perseguem o sonho da realidade aumentada e sem limite – informação no seu campo de visão sem distração (e sem fazer com que você pareça ridículo). O que não era de esperar era que a Mini, fabricante de automóveis e mais conhecida pelos seus adoráveis carros compactos, entrasse nessa área.

Foi anunciado hoje no salão automóvel de Xangai – e eu cheguei a experimentar o sistema de visão aumentada do Mini na moderna concessionária da empresa no centro de San Francisco, na semana passada, e tive uma visita guiada pela forma como poderão funcionar no mundo real. Do ponto de vista da moda, os óculos não são exatamente sutis – assemelham-se aos óculos de esqui, ou óculos de aviação antigos, mas com uma câmara no centro-morto para os deixar ver o que você está a ver.

O projeto ganhou vida há cerca de um ano e meio, como uma colaboração com a Qualcomm; trata-se somente de um protótipo experimental, por agora, mas ambas as empresas acreditam que o automóvel surge como um caminho claro no sentido de encontrar uma utilização para os monitores acoplados à cabeça. É também um caminho que esconde a maioria das atuais fraquezas da tecnologia.

“Achamos que a visão de longo prazo para algo na sua cabeça, onde está um monitor comandado para a sua vida, é algo super atraente” avança Jay Wright, VP da realidade aumentada na Qualcomm.

“O desafio passa pelo facto de ser necessária uma grande quantidade de tecnologia para fazer acontecer.”

Como Qualcomm observa, esses desafios passam por questões como a privacidade, moda, interação com um dispositivo que tem poucos esquemas de controle padrão, e a vida útil da bateria para fazê-lo durar todo o dia – todos os problemas que o Google Glass não foi capaz de superar durante a sua fase “Explorer”.

Esta tecnologia vai encaixar bem no seu carro

A empresa-mãe da Mini, a BMW, já oferece monitores comandados numa variedade de modelos – uma forma rudimentar de realidade aumentada. “avança Wright, o que tornou a parceria naturalmente adequada.

Tornou-se bastante claro para a [Qualcomm] que provavelmente os monitores comandados para a sua vida começam com os monitores comandados no seu carro.”

As preocupações com a privacidade e duração da bateria parecem menos prementes para um dispositivo utilizado essencialmente durante a condução – e o conjunto de controles no volante ou no painel de controle poderá surgir como uma boa forma de controlar o dispositivo sem ter que retirar as mãos do volante.

Óculos de esqui para as suas viagens diárias

O estúdio DesignworksUSA da BMW trabalhou no design físico da visão aumentada da Mini – e embora não surjam como o tipo de objeto que você gostaria de utilizar todo o dia, os óculos não são desconfortáveis. São volumosos, no entanto – pela necessidade de adequar os dois monitores de 720p (um para cada olho) bem como o processador e engrenagem de rede Snapdragon 805, tudo dentro dos auriculares.

Com os óculos colocados os monitores são suficientemente brilhantes; a resolução não é a melhor mas é provavelmente suficiente para a utilização prevista (você não vai querer assistir a um filme ou jogar jogos no mesmo). Os gráficos não preenchem o seu campo de visão no total mas de qualquer das formas a imagem aumentada torna-se muito menos importante na periferia. É também bastante fácil olhar “através” dos gráficos no monitor para o mundo real – embora tentar falar com alguém com os óculos postos seja uma experiência muito estranha.

Assim que tive os óculos devidamente ajustados à minha cabeça tive que passar pela cuidadosamente construída demonstração da Mini que pretende mostrar algumas das principais características dos óculos. Enquanto os óculos são principalmente projetados como ferramentas de condução a Mini demonstra-os como algo que você pode utilizar em todas as fases de uma viagem – dirigir-se ao carro, conduzir até ao destino e na “etapa final” de andar até onde pretende ir.

Com os óculos calibrados fui dirigido a olhar para alguns cartazes na parede da área de demonstração, destinados a representar anúncios para eventos que você poderá ver na sua cidade. Quando olhei para um deles surgiu mais informação sobre o mesmo: a localização exata, a disponibilidade de bilhetes e por aí fora. Aparentemente os bilhetes tinham sido todos vendidos (que chatice) mas o próximo passeio ficcional que eu queria fazer ainda estava disponível e os meus óculos de proteção perguntaram-me se eu queria navegar até ao mesmo. Utilizando um pequeno botão no topo dos óculos eu podia andar para a frente e para trás entre as opções e clicar para confirmar de que se tratava de um destino. Funciona muito bem para interação mínima e rápida confirmação de uma ação mas pareceu-me um pouco trabalhoso no caso de querer percorrer listas mais longas – a área de contato é um pouco pequena, tão grande como a ponta de um dedo. Trata-se do único elemento de interface que não reconhece qualquer tipo de gestos.

Assim que confirmei que queria de facto navegar para esse evento da moda os meus óculos de proteção passaram para o modo de navegação, a fase três. Primeiramente recebi direções da minha atual posição até onde tinha estacionado o meu Mini. Assim que cheguei ao carro, os meus óculos levaram-me a entrar, momento em que as funcionalidades de navegação passaram a estar entregues ao carro em si (em vez de ligadas ao seu smartphone, necessário para ter os óculos de proteção ligados quando se encontram longe de Wi-Fi).

Dentro do carro a demonstração começou a sério – em vez de começar a conduzir a parede em frente a mim projetou uma simulação de condução, e os óculos de proteção projetaram dados no topo da mesma. À medida que eu “conduzia” para o meu destino, vi o que a Mini e a Qualcomm consideram informação essencial para a condução: para começar, a minha velocidade e o limite de velocidade atual eram quase sempre exibidos na parte inferior central da minha visão – acessível, mas não muito mais fácil do que uma rápida olhadela para o velocímetro. À medida que passávamos por determinados edifícios, eu recebia pequenas informações pop-up, nos cantos do monitor, para pontos de interesse. Como em muitos sistemas de navegação você poderá personalizar esta funcionalidade para que apareçam as bombas de gasolina ou qualquer outra coisa em particular que você poderá querer encontrar. O sistema é cuidadoso o suficiente para não o encher de dados ou obscurecer a sua visão, garantindo uma condução em segurança.

Nada vai o atrapalhar

A navegação constitui a principal parte da experiência de visão aumentada – setas animadas irão mostrar-lhe por onde deve seguir e os comandos de voz irão dizer se deve virar à esquerda ou à direita. Uma vez mais: não é muito diferente de outro sistema de navegação, mas você não precisa de desviar o olhar para ter assistência visual sobre para onde se dirige. Como alguém sem qualquer sentido de orientação e que normalmente se baseia nos comandos de voz do GPS, ser capaz de melhor ver recursos visuais soa-me muito bem – apesar de considerar que a sobrecarga de informação no meu campo de visão provavelmente deixar-me-ia nervoso quando a conduzir no mundo real.

"Ver através" do seu carro

O último truque notável exibido na demonstração foi um tipo de “visão de raio-x” através da qual você pode “ver através” do seu carro e ver o que se encontra fora do mesmo. Por exemplo, você poderá ver a posição do seu pneu quando está a estacionar para se certificar de que não pisa o passeio, ou pode ver uma bola de basquete a rolar nas proximidades. O sistema funciona graças a um conjunto de câmaras instaladas no exterior do protótipo do Mini especialmente equipado – quando o condutor olha para a porta as câmaras mostram o que está do outro lado. Existe um sensor de posição na parte superior dos óculos que rastreia o movimento da sua cabeça dentro do carro para fazer tudo isto trabalhar. Pode ser ótimo para estacionamentos apertados e evitar danos no carro ou no mundo ao seu redor – mas é menos útil (e possivelmente até mesmo perturbador ou perigoso) quando a conduzir.

Cheguei finalmente ao meu destino virtual, com os óculos a apontarem um espaço de estacionamento livre nas proximidades e a visão de raio-x a ajudar-me a estacionar em paralelo melhor do que alguma vez conseguiria na vida real – esta foi uma aplicação que realmente senti como útil. Depois de sair do carro, a navegação volta aos óculos e irá conduzi-lo na última fase da sua viagem. Nesse momento acho que retiraria os auriculares e armazená-los-ia... Algures? Pessoalmente preferia deixá-los no carro, mas depois não seria capaz de fazer a última fase de navegação ou encontrar o meu carro para a viagem de volta. Um inconveniente mas não estou totalmente interessado em utilizar estes óculos de proteção de esqui de realidade aumentada em público. (Se numa futura versão do sistema forem basicamente indistinguíveis de um par de óculos de sol – poderá ser uma história diferente.)

Em última análise, não se trata de um sistema que me imagine a utilizar na minha atual encarnação. Existe o estigma social deixado pela Google Glass, e a proposta de valor simplesmente não é forte o suficiente – já para não mencionar as preocupacões que tenho com os gráficos de realidade aumentada a interferirem com a minha concentração na condução. Mas tanto a Mini como a Qualcomm foram rápidas a notar de que se trata de um protótipo construído para investigação e não algo que irão começar a vender aos consumidores em breve. Ainda assim, os dados que reunirem com esta investigação irão certamente ser úteis para um projeto futuro - e Jay Wright da Qualcomm deixou claro que considera que uma versão atualizada destes óculos poderá estar disponível a certa altura no futuro. Esperamos que a investigação contribua para que a Mini e a Qualcomm encontrem a “aplicação arrasadora” para óculos de realidade aumentada no carro; por enquanto fico contente por simplesmente olhar para o velocímetro à boa maneira antiga.

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