O conceito invulgar de carro-robô da General Motors
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Fabricantes como a Audi, a Mercedes e até a Google já apresentaram o seu conceito de carro do futuro. Mas este Chevrolet é sem dúvida o carro mais arrojado. Atrevia-se a entrar num?

A General Motors tem uma visão do automobilismo em 2030, quando os carros autónomos nos irão libertar da tirania da viagem que é no mínimo… interessante.

Aterrorizante e emocionante, esta parece construída para um futuro distópico algures entre Tron e Blade Runner, com uma mãozinha de Eduardo Mãos de Tesoura à mistura. Os carros não são casulos confortáveis, são facas sobre rodas. Apesar da GM não ser uma empresa muito associada com a inovação ou veículos autónomos, ela tem explorado a tecnologia, pelo menos desde 2007, quando começou a trabalhar com a Carnegie Mellon e competiu num desafio DARPA de carros autónomos.

O Chevrolet-FNR é diferente de qualquer carro que conduz sozinho ou conceito que tenhamos visto até agora. A Audi concentra os seus conceitos no futuro próximo, com que é que os carros podem parecer daqui a cinco anos, quando algumas tecnologias no campo da autonomia estiverem disponíveis. A Google tem um protótipo sem volante ou pedais, mas está longe de ser “fixe”.

Revelado no Salão Automóvel de Xangai, o FNR (de Find New Roads, slogan do Chevy) tem muito em comum com o conceito da Mercedes-Benz de autocondução, como vimos no início deste ano. Ambos visam o ano de 2030. Estes funcionam com energia elétrica e têm interiores acabados com ecrãs de toque e de controlo por gestos, requisitos básicos para qualquer carro de conceito futurista.

Cada um tem lugares dianteiros que giram para estar frente a frente com os passageiros do banco traseiro, um acenar inteligente a uma das maiores mudanças que os carros autónomos vão providenciar: tornar irrelevantes as normas de longa data, como bancos voltados para a frente, espelhos, pedais e volantes.

Mas enquanto as curvas do conceito alemão fazem lembrar uma barra de sabão, o recém-chegado americano é composto de linhas definidas, como se tivesse sido montado com canivetes. O interior é uma reminiscência da nave alienígena do filme O Dia da Independência. As portas são igualmente de fora deste mundo, uma mistura entre os estilos gullwing (portas que abrem para cima) e suicídio a que a Chevy chama "portas duplas giratórias libélula".

A Chevy menciona alguma tecnologia bastante presunçosa, incluindo o reconhecimento de íris, em vez de uma chave, luzes de laser de cristal, e "motores eléctricos magnéticos com rodas sem eixo," o que quer que estes sejam. Os "assentos de membranas motorizados" leriam a frequência cardíaca e pressão arterial dos passageiros, e ajustariam a temperatura, iluminação e música em conformidade, relata a Fortune. A capacidade de "traçar a melhor rota para o destino de preferência do condutor" soa a um sistema de navegação bastante normal, e o sistema de radar montado no teto explica como o FNR vê e navega no mundo exterior.

A Chevy promete que os passageiros ainda poderão conduzir, se quiserem, através do controlo por gestos. Como este trabalharia é uma questão em aberto, mas permitir que a pessoa atrás do volante possa assumir o controlo é um procedimento normal para cada carro-robot que está a ser construído, proposto, ou imaginado por um fabricante de automóveis. Isto tem tanto que ver com diminuir as suas preocupações sobre passar a ser irrelevante, como com a preocupação dos fabricantes de automóveis de que eles próprios passem a ser irrelevantes quando os carros se conduzirem sozinhos.

A General Motors leva a ideia de "poder assumir o controlo a qualquer momento" um passo mais à frente, de acordo com a Fortune, prometendo que, "para os condutores que gostam de uma experiência de desempenho mais ousada, o FNR será capaz de apertar a sua suspensão e executar curvas apertadas enquanto atinge velocidades altíssimas mas legais."

Isso parece estranho. Achar-se-ia que num mundo onde os carros se conduzem sozinhos, todos agiriam da mesma forma – de forma segura e eficiente, e não de forma emocionante para os passageiros. Não é uma montanha-russa, é um transporte. Mas vindo da Chevy, isso faz sentido, diz David Carlisle, presidente do conselho de consultoria da indústria automobilística Carlisle & Company.

A Chevy tem algum crédito no desempenho – afinal de contas foi a empresa que nos deu o Corvette e o Camaro – e esse não é um mercado que esteja pronta a abandonar. Nem deveria, diz Carlisle.

"Deixem [o mercado de desempenho] vaporizar em vez de fugir dele. Vai ser um segmento vantajoso num futuro previsível."

Há também o fato de que este é um conceito, por isso a GM pode dizer o que quiser (e prometer a tecnologia que quiser), independentemente de saber se isso alguma vez irá acontecer.

É isto que os carros conceptuais são. Eles não são, necessariamente, os veículos que se espera ver, mas uma tela branca de coisas que se gostaria de ver. Eles são como uma proposta de orçamento do presidente em fim de mandato, que desafia ideias que se baseiam pouco na realidade.

Por muitos que sejam os benefícios que os carros autónomos prometem – a queda dramática do número de acidentes mortais é o principal deles – eles ameaçam cortar a diversão da condução, e fazem com que todos os carros pareçam iguais. Não é um argumento pesado contra o das vidas que poderiam ser salvas, mas, no entanto, é triste.

E por essa razão, estamos contentes por ver essa ideia maluca da Chevy: Pode não ser bonito, mas mantém as coisas interessantes.

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