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Agora que a New Horizons se aproximou do corpo celeste, é tempo de conhecer a polémica por detrás da classificação de Plutão.

Quando a New Horizons partiu, Plutão ainda era um planeta – eis a história do corpo mais controverso no sistema solar.

A missão da NASA de exploração do Kuiper Belt – o canto mais remoto do sistema solar que alberga, entre outros, Plutão e as suas luas – mandou para casa uma imagem do planeta anão tirada o mais perto até agora, a cerca de 12472,42 km da superfície de Plutão (ou, como a própria NASA disse, de uma distância similar que entre Mumbai e Nova Iorque). Uma nave espacial conhecida como New Horizons viajou durante mais de nove anos e 4,83 mil milhões de quilómetros para obter a fotografia.

A distância é o mais distante que a humanidade já atingiu no universo; é fascinante.

Muitas das pessoas que viram a imagem, incluindo os românticos na NASA, notaram que a área na parte inferior da estrutura se assemelha a um coração. A comunicação social da agência espacial respondeu à "carta de amor" de Plutão, em nome do universo, na a sua imagem da capa do Twitter.

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Seguindo a tradição da NASA de enviar itens de casa para o espaço, a sonda New Horizons carrega um disco compacto contendo os nomes de 430 mil pessoas que, em Setembro de 2005, responderam ao apelo da NASA para apoiar a missão e se inscreveram para ter os seus nomes enviados para o nono e mais longínquo planeta do sistema solar.

Com certeza, quando a New Horizons deixou o planeta Terra a 18 de Janeiro de 2006, Plutão ainda gozava o estatuto de planeta. Mas nem sempre foi chamado Plutão. E não ficaria classificado como um planeta por muito tempo.

A busca pelo "Planeta X", como era originalmente chamado (que mais tarde foi renomeado Plutão por sugestão de uma menina de 11 anos de idade, com uma paixão pela mitologia grega), tinha estado em curso desde o início de 1900. Leves traços do que pode agora ser reconhecido como Plutão apareceram em várias imagens de 1909 a 1915. Mas a descoberta oficial do planeta Plutão não seria anunciada até 1930, por um astrónomo americano chamado Clyde Tombaugh de 24 anos. Ele morreu em 1997; uma porção da suas cinzas foram colocadas a bordo da New Horizons para a sua viagem a Plutão.

Nas notas originais, escritas à mão, de Clyde Tombaugh, lê-se “Planeta X” (Plutão) finalmente encontrado!!!" As notas estavam misturadas com as primeiras fotografias alguma vez tiradas do então planeta Plutão.

Inicialmente acreditava-se que Plutão era uma massa semelhante à da Terra – sendo um bom argumento pela sua habitabilidade – mas estudos subsequentes remeteram-no para uma pequena fração disso desde 0,1, 0,01, 0,002, e, finalmente, 0,00218 vezes o tamanho da Terra. A redução trouxe duvidas sobre se o corpo celeste era ou não um planeta a sério. A 13 de Setembro de 2006, poucos meses após a missão New Horizons ter sido iniciada, Plutão foi rebaixado para um planeta anão.

Este foi o resultado de uma resolução da União Astronómica Internacional (IAU) sobre a definição de um planeta. Foi decidido que, para ser considerado como tal, um planeta devia:

  • Girar em torno do sol;
  • Ter massa corporal suficiente para que a sua gravidade o transforme numa forma arredondada (mais ou menos);
  • Ter uma área limpa ao redor da sua órbita.

Plutão não cumpre os últimos requisitos (além da reduzida estimativa de massa corporal, pelo menos dois grandes objetos foram encontrados na sua órbita), e, portanto, a IAU declarou que havia apenas oito planetas no nosso sistema solar: Mercúrio, Vénus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Neptuno.

A resolução foi aprovada por 424 astrónomos e entregue à imprensa por Mike Brown, o investigador da Caltech que descobriu o Eris, um planeta anão na órbita de Plutão com uma massa maior do que Plutão. O anúncio, desde então, ganhou ao astrónomo o apelido (e nome de Twitter) de "assassino de Plutão."

Nem toda a gente achou piada à decisão.

Alan Stern, chefe da missão New Horizons, declarou na altura: "Estou envergonhado pela astronomia" Ele chamou à decisão "uma farsa", argumentando que a definição não era precisa e que a área ao redor da órbita de outros planetas também não está limpa. Uma petição para derrubar a decisão foi apresentada, mas sem sucesso – embora o estado do Novo México tenha legislado que, "à medida que Plutão passa pelos excelentes céus noturnos do Novo México, ele deve ser declarado um planeta." O Senado de Illinois aprovou uma resolução semelhante, e da Assembleia Estadual da Califórnia refere-se à desclassificação de Plutão como "uma heresia".

O clamor em torno do estatuto de Plutão era tal que, em 2006, a American Dialect Society declarou "plutoed", que significa "rebaixado ou desvalorizado", a palavra do ano.

Ainda não há um acordo completo até hoje, apesar da posição oficial da IAU. Em 2008, a NASA patrocinou uma conferência chamada "O Grande Debate do Planeta." A intenção era encontrar um consenso sobre a definição de planeta, e, portanto, sobre se Plutão se encaixa nela. Os participantes não chegaram a um acordo, estabelecendo-se em vez disso, a definição de Plutão e planetas similares como "plutoides."

Mas, embora os defensores da honra de Plutão possam estar infelizes por mesmo uma superfície em forma de coração não garantir a readmissão ao clube dos planetas, o facto de que foi encontrada num corpo com o estatuto de planeta anão não torna a conquista menos impressionante.

Como Neil de Grasse Tyson explica neste vídeo, "Não é todos os dias que conseguimos ver alguma coisa pela primeira vez." E graças à web, podemos testemunhar vicariamente esta descoberta como se fosse a nossa.

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