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Perceba como num futuro não muito distante os Bancos Centrais podem vir a ter poderes que fazem lembrar o romance de George Orwell.

Manhattan, 2040: Alice quer abrir uma loja de antiguidades. Chelsea parece uma boa localização. Precisa de encontrar 150 metros quadrados para colocar os artigos que tem recolhido ao longo dos anos e para seguir numa excursão por feiras da ladra na Europa de Leste, a sua área de conhecimento. Precisa de financiar as importações. O problema? Não tem dinheiro suficiente para começar.

Vai à sua interface do Banco Central e escolhe a opção “imprimir dinheiro para fins pessoais e de crescimento económico”. Responde a uma série de questões que surgem no monitor, definindo o setor de negócio, apresentando os custos previstos e construindo o esboço de um plano de negócios.

A partir daqui o banco central fará cálculos com base em todos os seus detalhes pessoais e financeiros (possui um pequeno apartamento e está financeiramente estável). A análise estatística do seu historial financeira mostra que é de confiança e cuidadosa. Os dados de riscos ligados à ideia de negócio de Alice serão integrados com dados de necessidades da economia e suas potenciais áreas de crescimento, juntamente com outras informações detidas pelo banco.

Se o investimento for aprovado o banco irá creditar a conta pessoal de Alice com sinais de dólar. Alice poderá transferir o dinheiro imprimindo cheques ou imprimindo notas com a sua própria impressora pessoal.

Os bancos comerciais já não existem. São apenas mediadores desnecessários. É o banco central que identifica a necessidade de empréstimo, gera dinheiro e transfere-o para o cliente. Na verdade, a gestão de todos os investimentos e crédito passa para o banco central. O banco controla toda a economia. Vê tudo. Percebe tudo. Calcula as hipóteses de sucesso de Alice e aloca crédito de forma eficiente e com baixo risco.

Você não precisa de ligações ou favores do seu gerente bancário. Se um pedido de empréstimo for recusado é porque o banco terá uma boa razão. Os seus complicados cálculos indicam que a sua ideia de negócio não será rentável no curto prazo. Alice teria gasto o seu tempo numa batalha frustrante e inútil – na verdade, o banco fez um favor a Alice.

Um mecanismo poderosíssimo

Existem três fases na nossa história: Alice submete a sua candidatura, o banco calcula as suas hipóteses de sucesso e o banco transmite sinais de dinheiro diretamente para Alice.

O que temos aqui é uma combinação de uma nova realidade digital – a recolha de dados significativos – com uma controversa teoria monetária. Essa teoria é a teoria endógena do dinheiro.

Vamos começar com os dados significativos. Há três anos, os laboratórios de investigação da IBM conduziram uma experiência fascinante. Ao combinar dados de publicações do Facebook relativamente à gripe com dados disponíveis construíram um modelo estatístico capaz de prever a propagação da gripe em determinada época. Quando compararam o gráfico dos seus resultados com dados dos Centers for Disease Control and Prevention encontraram uma correlação surpreendente.

Na nossa história a Reserva Federal faria algo semelhante com dados sobre gastos dos turistas, tendências e modas, adicionando os dados pessoais de Alice. Gigantes algoritmos calculariam tudo isto a fim de estimar as hipóteses de sucesso de Alice.

Se o computador central chegasse à conclusão de que o empréstimo valeria o risco – acabaria por gerar o dinheiro.

O dinheiro como um sinal de trânsito social

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