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Hoje, na data “futura” para que os protagonistas da trilogia de ficção científica se deslocam no filme de 1989, avaliamos que previsões o filme acertou e falhou de como seria o mundo em 2015.

No icónico filme “Regresso ao Futuro II” (“De Volta para o Futuro II” no Brasil), datado de 1989, os protagonistas deslocam-se à data futura de 21 de outubro de 2015. Seria o futuro imaginado naquela época muito diferente da realidade atual?

A verdade é que é impressionante ver o filme novamente passados quase 26 anos e ver a quantidade de evoluções tecnológicas que previu, apesar de também ter falhado numas quantas.

Contornando a situação

“Para onde vamos não precisamos de estradas…” – bom, aí está uma promessa que não resultou.

Os carros voadores sempre pareceram estar mesmo ao nosso alcance. A Terrafugia por exemplo, uma empresa sediada em Boston, prometeu começar a vender um modelo em 2012, no entanto, ainda se encontra a tentar fazer a coisa levantar-se do chão.

Mas, embora o filme estivesse demasiado otimista em relação às descolagens verticais se tornarem norma, conseguiu acertar num pormenor.

Preste atenção aos efeitos sonoros utilizados nos carros quando eles passam e vai ouvir um zumbido quase silencioso que ficou associado ao Toyota Prius e a outros automóveis elétricos.

Atirar o seu lixo para o conversor de energia do carro para servir de combustível ainda continua a ser algo fantasioso.

Contudo, já houve algumas tentativas de alimentar veículos com resíduos.

A Bristol e a Bath começaram há pouco tempo a fazer autocarros movidos a alimentos e esgotos tratados, e noutro lugar já se fazem esforços para converter resíduos da atividade agrícola em aditivos para gasolina.

Além disso, a forma como Biff pagou a sua viagem de táxi com uma impressão digital não é assim tão diferente da forma como atualmente chamamos um táxi ou outro veículo de transporte de passageiros como a Uber, a Hailo, a Lyft, entre muitos outros e pagamos os seus serviços sem dinheiro físico.

Até a icónica cena da perseguição em pranchas voadoras do filme já não é assim tão estranha.

Em agosto, a Lexus mostrou um projeto de prancha voadora ainda em desenvolvimento, embora dependesse de uma faixa de metal que se enterra no chão. Mais recentemente, o famoso skater Tony Hawk foi filmado a testar uma versão rival, chamada Hendo, baseada na mesma tecnologia de íman.

Todavia, as matrículas de código de barras não fizeram assim tanto progresso para além do estranho dia 1 de abril.

Com estilo

O atual fascínio do mundo tecnológico pela tecnologia usável foi previsto pelo casaco falante de Marty.

E embora as roupas dos dias de hoje ainda não nos possam secar quando nos molhamos, alguns pioneiros da moda estão a fazer experiências para incluir eletrónica nos tecidos.

Mais, os chapéus de polícia com mensagens intermitentes são semelhantes aos vestidos que apresentam tweets em tempo real da CuteCircuit, e a Nike até já preencheu um pedido de patente para sapatos com atacadores automáticos tais como os que apareceram no filme.

No que toca aos cuidados do nosso próprio corpo, ainda não podemos esfoliar os anos num “tratamento de rejuvenescimento facial” como fez o Doc.

Mas as 6,7 milhões de injeções botox e os 1,2 milhões de peelings químicos realizados nos EUA no ano passado sugerem que muitos pelo menos estão a tentar.

A Ascensão dos Robôs

Os drones do filme podem até ter feito só umas breves aparições, no entanto, parecem bastante atuais.

Vários organismos de meios de comunicação, incluindo a BBC, começaram a utilizar aparelhos de aviação com câmara incorporada para conseguir novas perspetivas nas notícias – mesmo que enviá-los para um local que esteja apinhado de pessoas como faz a USA Today no filme não pareça muito confortável.

Drones passeadores de cães também são reais – ou pelo menos se acreditar em tudo o que vê no Vimeo e no Youtube.

Outro tipo de robô representado no filme foi um funcionário de uma bomba de gasolina mecânico.

A Holanda já testou um dispositivo parecido há uns anos, com o projeto TankPitstop e a Tesla está a desenvolver algo parecido para os seus veículos elétricos.

Entretenimento

Felizmente, fomos poupados às sequelas do Tubarão no Holomax.

No entanto, a indústria cinematográfica não desistiu da ideia das tecnologias em 3D – a sua novidade mais recente é o sistema de projeção a laser que afirma que apresenta imagens mais “brilhantes, nítidas e claras”.

Talvez com alguma perspicácia da parte deles, a inovação estreou em Londres no início deste mês com o filme mais recente de Robert Zemeckis O Desafio – que claro, é também o diretor da trilogia Regresso ao Futuro.

O Regresso ao Futuro II esteve mesmo próximo de adivinhar algumas coisas relacionadas com formas de entretenimento.

O ecrã plano desdobrável na casa dos McFly relembra os painéis flexíveis que a LG mostrou recentemente em feiras comerciais; já circulam rumores de que vão ser comercializados em breve.

Entretanto, as televisões controladas por voz já são uma realidade graças às televisões inteligentes da Samsung e da Sony, assim como as boxes da Amazon e da Apple.

Smartglasses mas não smartphones…

Ficamos com uma pequena pista do que Marty Jr vê através dos seus óculos de alta tecnologia no filme, e a sua marca JVC tem muito menos influência no mercado da eletrónica do que aquela que teve outrora.

Contudo, vários dos grandes nomes da atualidade estão a apostar em diversas formas da tecnologia, sejam os Hololens da Microsoft, o capacete de realidade virtual Oculus Rift do Facebook ou a versão 2 dos Google Glass.

Todavia, a maior falha do filme é sem dúvida a inexistência de smartphones.

Até chegamos a ver numa certa altura no filme Marty Jr a utilizar um telefone público AT&T – o que torna a situação ainda mais irónica visto que a empresa foi a primeira a oferecer o iPhone.

Não é que os produtores do Regresso ao Futuro não tenham visionado um mundo de ligação de dados – um programa de videoconferência ao estilo do Skype é representado numa determinada altura do filme, mostrando não só a pessoa que está a telefonar como também pormenores privados sobre eles – no entanto, a comunicação é sempre apresentada via televisão em vez de dispositivos portáteis.

Da mesma forma, é difícil não ficar com a sensação de que o filme falhou o alvo ao utilizar um jornal para avisar o Marty Jr da sua prisão iminente em vez de um touchscreen.

O filme 2001 - Odisseia no Espaço de Stanley Kubrick, lançado duas décadas mais cedo, já tinha representado os seus próprios “newspads”.

E até um ativista a tentar restaurar a torre do relógio de Hill Valley parece estar a utilizar um tablet noutras cenas do Regresso ao Futuro II.

Um futuro offline

É um pouco difícil ser-se demasiado crítico neste caso, no entanto, tendo em conta que a World Wide Web só foi inventada no mesmo ano que o filme foi lançado e Tim Berners-Lee só criou o seu primeiro browser no ano seguinte.

Isso deve explicar porque é que os CD-Roms e os seus homólogos de dimensões um pouco maiores, os discos a laser são representados proeminentemente em pilhas de lixo.

Do mesmo modo, numa altura antes do email receber esse nome, talvez não seja assim tão surpreendente que os futuristas do filme tivessem imaginado que quiséssemos enviar um fax a partir do chão.

Mas nem isso explica lá muito bem porque é que os McFly têm tantos faxes em casa.

Outros acertos e falhanços

Os fornos controlados por computador ainda são uma raridade – apesar de um chefe robótico ter sido um dos destaques de uma vitrine de uma startup recente em São Francisco.

Infelizmente, os “hidratadores” de piza ainda fazem parte do imaginário – e os frigoríficos que tiram selfies provaram ser uma compensação insuficiente.

O filme consegue acertar nas fechaduras controladas por computador – Yale foi a última a lançar um produto semelhante no início deste mês.

Mas a ideia da máquina Ortho-lev a agarrar George Mcfly de cabeça para baixo parece ter sido uma irracionalidade por parte dos escritores – até percebermos que só foi incluída no filme para disfarçar o facto de estar um outro ator a interpretar a personagem no primeiro filme.

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