As aplicações pertencentes ao Facebook estão prestes a tirar outros truques da manga.
Na passada segunda-feira, o WhatsApp e o Instagram apresentaram mudanças nos seus modelos de negócio: as aplicações que pertencem ao Facebook (NASDAQ: FB) vão tentar encontrar modos de transformar as suas amplas bases de usuários numa fonte significativa de lucros.
Jan Koum, cofundador e chefe executivo da aplicação de troca de mensagens que o Facebook adquiriu por $22 mil milhões em 2014, informou durante a conferência tecnológica DLD em Munique que daqui a um ano o WhatsApp vai cancelar a taxa anual de 99 cêntimos. Em vez disso, a empresa vai tentar fazer com que outras companhias paguem pelo acesso aos seus 900 milhões de usuários. Segundo ele, a taxa de assinatura "não funciona muito bem assim".
Ele revelou alguns pormenores do novo modelo de negócio, admitindo que os engenheiros do WhatsApp ainda "não escreveram uma linha de código" para elaborar novos serviços.
Porém, no seu blog a empresa disse que pretende começar o teste de instrumentos que permitam aos usuários comunicarem com organizações através da plataforma. "Isto pode significar comunicação com o seu banco sobre se a última transação foi fraudulenta ou com uma empresa aérea quanto aos voos atrasados." A empresa espera encontrar um meio de não depender da publicidade.
Thomas Husson diz que o WhatsApp deverá seguir o caminho do WeChat na China. O serviço que pertencia à holding da internet Tencent sugere muito mais que uma simples troca de mensagens, incluindo a possibilidade de ter acesso ao conteúdo de entretenimento, chamar um táxi e pagar mercadorias diretamente da plataforma.
Ele considera que a possibilidade de usar o WhatsApp como canal de comunicações de negócios terá uma grande procura, se levarmos em conta a sua popularidade entre os consumidores. No Reino Unido, segundo os dados do Forrester, o serviço ocupa 9% de todo o tempo que as pessoas usam aplicações de smartphones. Husson disse:
"Não é possível interagir com os clientes apenas através das suas próprias aplicações, pois você deve estar onde estão os consumidores."
Apenas algumas horas antes do discurso de Koum aos chefes do Instagram, a aplicação de troca de fotos que o Facebook comprou por mil milhões de dólares em 2012, foi comunicado ao Financial Times que pretende ampliar o seu modelo de publicidade e aumentar esforços para trabalhar com empresas pequenas e consumidores fora dos EUA.
Marne Levine, o diretor de operações do Instagram, disse que para isto a empresa vai começar a trabalhar com a equipa de vendas do seu grupo mãe:
"Até agora vocês podiam ver como as marcas e empresas grandes usam a publicidade para alcançar consumidores. Eu considero que em 2016 você verá mais anúncios das empresas pequenas."
Ao comprar o Instagram, o Facebook prometeu que a empresa vai trabalhar como um grupo independente.
Marne Levine informou que a equipa global de vendas do Facebook começou a sugerir publicidade no Instagram às empresas pequenas, o que vai permitir ter um mercado alvo para usuários concretos. Ela disse:
"Podemos juntar-nos à infraestrutura existente e receber grande lucros com os recursos grandes do Facebook.
A expansão global, segundo Levine, é uma das tarefas principais da empresa: 75% dos seus usuários - mais de 300 milhões de pessoas - encontram-se fora dos EUA. A empresa não revela o número dos usuários em cada país em concreto, mas afirma que o segundo maior mercado fora dos EUA é o Brasil, onde há 29 milhões de usuários. Além disso, a empresa tem 9 milhões de usuários na Alemanha e mais de 14 milhões de usuários no Reino Unido.
Os analistas começaram a lançar as suas previsões para o Instagram há pouco tempo. Espera-se que em 2016 o lucro da aplicação possa atingir de 1,2 a 2 mil milhões de dólares.
Mark Mahaney, analista do RBC Capital Markets, diz que isto pode compor 10% do lucro do Facebook. Ele acrescentou ainda que até ao fim de 2016, a base dos usuários ativos do Instagram pode alcançar 520 milhões de pessoas.