Fotos da maior cidade fantasma do mundo, na China
31 de Janeiro de 2016
Veja as fotografias surreais da “cidade do futuro” chinesa que se transformou na maior cidade fantasma do mundo.
A outrora abundante-em-dinheiro cidade de Ordos, na China, foi considerada a maior cidade fantasma do mundo.
O repentino progresso na mineração de carvão, há cerca de 15 anos atrás, levou a que o governo local investisse em desenvolvimento urbano na esperança de criar um novo epicentro de cultura, economia e politica. A nova cidade de Ordos – também conhecida como Kangbashi – iria ter um milhão de habitantes e seria conhecida pelos seus grandes projetos de arquitetura de conceito, torres residenciais e modernos equipamentos desportivos.
No entanto, os elevados impostos de propriedade e a construção de baixa qualidade dissuadiram a população de se instalar em Ordos. Hoje, apesar de cerca de 100.000 indivíduos a considerarem como “casa”, a maior parte da cidade não tem utilização e está a decair. O fotografo Raphael Olivier que capturou a cidade numa serie intitulada “Ordos – uma utopia falhada” disse:
“Toda a cidade parece uma estação espacial pós-apocalipse saída de um filme de ficção científica.”
Localizada na remota província da Mongólia Interior Ordos detém um sexto das reservas de carvão da China – tornando-se um atrativo centro para o desenvolvimento.
No final dos anos 90 e início dos anos 2000 diversas empresas privadas de mineração obtiveram licença para explorar os depósitos. Os novos negócios geraram significativas receitas fiscais.
Veículos a trabalhar numa mina de carvão a céu aberto perto de Ordos, novembro de 2015
“O governo local decidiu construir esta excessivamente ambiciosa cidade a partir do zero.” – Afirmou Olivier. Em 2005 começou a investir centenas de milhões de dólares em infraestruturas e imobiliário.
Contudo, em 2010, a abundância de casas num mercado inexistente fez estourar a bolha. De acordo com Olivier os altos impostos sobre propriedades levaram a que as famílias desistissem da ideia de se mudarem para Ordos.
Para mais, a nova cidade de Ordos foi criada apenas a alguns quilómetros da “cidade velha” de Ordos, uma próspera cidade do interior. “As pessoas não viram razão para se mudarem.” – Afirmou Olivier.
Olivier continuou: “No final apenas funcionários do governo e trabalhadores migrantes envolvidos na construção é que se instalaram, deixando a grande maioria da cidade completamente vazia.”
Cerca de 90% das unidades de apartamentos permanecem vazias desde 2010.
Ordos mantém a estrutura de uma cidade futurista.
Turistas e jornalistas têm-se reunido na cidade para documentar a sua hipnotizante e horripilante arquitetura.
É possível encontrar duas estátuas com cavalos na Genghis Khan Plaza, no centro da cidade. Os cavalos são o símbolo da cidade e representam uma cultura nómada.
O Ordos Art & City Museum, nas proximidades, “parece ter aterrado na terra” de acordo com uma declaração do arquiteto da MAD Architects.
O Ordos Dongsheng Stadium tem lugar para 35.000 espetadores mas nunca ficou lotado.
Esta vila abandonada faz parte do projeto Ordos 100 – uma iniciativa que convidou 100 arquitetos a desenhar uma vila com casas de 1.000 metros quadrados.
A pressão para uma construção rápida e barata resultou numa série de estruturas rapidamente degradadas após a sua construção. Muitos edifícios parecem inacabados.
O governo local tem realizado esforços, nos últimos anos, para recrutar moradores. Os agricultores foram subornados com “uma generosa compensação e apartamentos gratuitos” para fomentar a mudança.
Os escritórios do governo foram transferidos de um distrito a 30km a norte de Ordos – o que seduziu os funcionários públicos a estabelecerem-se mais perto do trabalho.
As escolas de ensino secundário com boa reputação também foram transferidas para Ordos. Os prédios com apartamentos vazios foram convertidos em dormitórios e alojam, agora, estudantes.
Como resultado destes esforços a população de Ordos aumentou para os 100.000 habitantes. No entanto, é difícil apurar dados precisos. Especula-se que o governo esconda números para encobrir o desastre em termos de planeamento urbano.
Ainda assim Ordos encontra-se longe de vir a satisfazer toda a sua capacidade.
Olivier atribui a atitude do governo “construir e as pessoas surgirão” ao espetacular fracasso da cidade. Representa um problema generalizado na China: as autoridades esperam duplicar a população urbana do país até 2020.
Cidades como Ordos surgem de áreas rurais para acomodar as massas. Contudo as massas nem sempre vão atrás. “Este fenómeno é um cancro para o desenvolvimento deste país.” – Avançou Olivier concluindo: “(...) e uma ameaça grave para a economia chinesa.”