Poderá o Mi Notebook Air da Xiaomi revolucionar o mercado dos computadores portáteis?
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Irão os baratos ultrabook para jogos da Xiaomi levar outras fornecedoras a lançar produtos semelhantes – a preços semelhantes?

A Xiaomi, gigante produtora de smartphones chinesa, lançou há pouco tempo o Mi Notebook Air, um ultrabook pensado para jogos, com Windows 10, muito semelhante ao MacBook Air da Apple (NASDAQ: Apple [AAPL]) — contudo, muito mais barato e mais potente que o produto da Apple.

O computador portátil, no valor de 750 dólares, conta com um processador Intel (NASDAQ: Intel [INTC]) Core i5-6200, uma placa gráfica GeForce 940MX da Nvidia (NASDAQ: NVIDIA Corporation [NVDA]), 8GB de RAM, disco SSD de 256GB e ecrã Full HD de 13,3 polegadas. Embora o Mi Notebook Air seja classificado como um dispositivo da Xiaomi o mesmo foi produzido, na realidade, pela sua parceira Tian Mi.

Em comparação, um Macbook Air de 13 polegadas com SSD de 256GB custa 1.199 dólares e conta com um processador equiparável, a mesma quantidade de RAM e uma placa gráfica integrada muito mais fraca. Ambos os computadores têm autonomia de nove horas.

Uma versão mais barata, de 12,5 polegadas, do Mi Notebook Air custa 530 dólares. No entanto conta com um processador Intel Core M mais fraco, 4GB de RAM, disco SSD de 128GB e gráficos integrados — em vez de GPU da Nvidia.

Como compete com outros portáteis (a utilizar Windows) para jogos?

Não é difícil vencer o MacBook Air da Apple ao nível do preço. No entanto, o Mi Notebook Air também "derrota" muitos portáteis para jogos que recorrem a Windows. O portátil para jogos mais barato da HP (NYSE: Hewlett-Packard Company [HPQ]) – o HP Omen de 15,6 polegadas por 900 dólares – conta com CPU Intel Core i7, placas GeForce GTX 950M da Nvidia e 8GB de RAM mas recorre a HDD de 1 TB em vez de SSD. Além disso, a sua bateria dura apenas cinco horas e é um computador portátil pesado, com 2,3 kg, enquanto o Mi Notebook Air pesa apenas 1,2 kg.

O único ultrabook para jogos disponível no mercado e comparável ao Mi é o Air 13 Pro da Lenovo que oferece hardware quase idêntico ao do Mi Notebook Air — contudo com RAM duas vezes inferior (4GB) — por 750 dólares. O ZenBook UX303UB da Asus conta com o mesmo GPU 940 MX, um processador i7 mais forte, 12GB de RAM e disco SSD de 512GB mas custa 1.200 dólares.

Com base nestas comparações parece ser difícil para fabricantes de portáteis para jogos (que recorrerm ao Windows) competir com as especificações de hardware da Xiaomi a um preço equivalente. Porém, tal não deve ser surpreendente já que a Xiaomi recorreu à mesma estratégia — de optar por margens reduzidas — noutros mercados.

A mais recente rutura — entre muitas

A estratégia comercial da Xiaomi é simples: instalar hardware de ponta nos seus dispositivos, estabelecer margens inferiores às dos concorrentes, vender a maior parte dos seus dispositivos online para evitar o aumento dos preços e contar com a publicidade boca-a-boca ou campanhas de marketing nas redes sociais para manter as despesas baixas.

Além de ter terminado o ano passado como a quinta maior fabricante de smartphones do mundo, a Xiaomi também se tornou a segunda maior fabricante de dispositivos "usáveis" do mundo, depois da Fitbit (NYSE: Fitbit Inc [FIT]), com monitorizadores de fitness baratos – a custar apenas 15 dólares.

Tem também à venda televisões "inteligentes" 4K que custam aproximadamente metade do preço de produtos da Samsung, líder de mercado — e também o seu novo Mi Drone 4K que custa apenas uma fração do preço dos populares drones da DJI Innovations Phantom. A Xiaomi vende ainda câmaras Yi Technology – que oferecem o mesmo hardware que as câmaras da GoPro (NASDAQ: GPRO), a preços muitos mais baixos – através da sua loja online. Assim, parece que o próximo passo da Xiaomi será influenciar o mercado de portáteis com um ultrabook para jogos – low-cost.

A Xiaomi está a expandir-se nestes novos mercados na medida em que as vendas dos seus smartphones subiram apenas 5% no ano passado — devido à crescente competição e declínio da procura na China. Ao alargar o seu portfólio com novos dispositivos, a Xiaomi poderá reduzir o peso do seu segmento de smartphones, procurando novos meios para ampliar o seu ecossistema digital – que inclui o Mi Store e jogos, aplicações e parcerias com vários serviços Online-to-Offline (O2O).

No entanto, a Xiaomi poderá enfrentar uma batalha difícil

O Mi Notebook Air da Xiaomi é um dispositivo com ótima aparência mas a empresa poderá ter dificuldades a levar os consumidores a interessarem-se pelo mesmo. O ultrabook estará apenas disponível na China (inicialmente). No entanto, a IDC prevê que o mercado de computadores portáteis do país venha a cair 10,4% este ano, em comparação com declínios de 7,7% e 9,3% previstos para os Estados Unidos e resto do mundo, respetivamente. Por outras palavras, o mercado de computadores portáteis não está tão fértil como os mercados de smartphones, usáveis e drones quando a Xiaomi entrou nos mesmos.

Se a Xiaomi enfrentar dificuldades a vender o Mi Notebook Air na China – o maior mercado de computadores pessoais do mundo desde 2011 – a empresa deverá pensar duas vezes antes de lançá-lo noutros mercados. Tal poderá tornar mais fácil para a Lenovo, a maior fabricante de computadores do mundo, dominar o segmento de mercado de ultrabooks (low-cost) para jogos.

No entanto, mesmo que a Xiaomi não venha a vender suficientes Mi Notebooks para ganhar participação no mercado, outras fornecedoras poderão copiar a sua estratégia. Tal poderá levar a uma guerra de preços – prejudicando os preços de toda a indústria.

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