PCP vota contra e deixa o PS dependente da direita para viabilizar o Orçamento Retificativo necessário devido à questão do Banif. Mas PSD ajuda Costa.
Numa entrevista à RTP a 20 de Novembro, Pedro Passos Coelho dissera o seguinte:
“No dia em que o PS tiver de depender dos votos do PSD ou do CDS-PP para aprovar alguma matéria que seja importante, eu espero é que o doutor António Costa peça desculpa ao país e se demita.”
Porém, um mês depois, Costa precisa do PSD para aprovar o Orçamento Retificativo de 2015 pois o PCP irá votar contra. E o que faz Passos? Viabiliza o documento, antecipando-se ontem que pode até ir além da abstenção e votar a favor. E como diz o Económico uma coisa é certa: Costa não se demite, nem consta que vá pedir desculpa.
A questão é que sem os votos do PSD, o Governo não conseguiria aprovar a retificação das contas públicas que lhe permite injetar 2,2 milhões de euros de capital para a resolução do Banif. O PCP, que deu a garantia de apoio ao Governo do PS, já disse que vai votar contra discordando da solução de transferir para os contribuintes uma fatia substancial dos encargos com o Banif. E mesmo o BE impõe condições para dar luz verde a este Orçamento Retificativo. Uma delas, segundo o Económico, encarada pelo Governo como impossível de cumprir: manter o Novo Banco público.
A ironia é que a atitude da esquerda - que podia deixar António Costa com um problema muito difícil em mãos - não chegou para assustar, tal foi o conforto que as palavras de Passos Coelho logo trouxeram pela manhã. Em declarações aos jornalistas à margem do Conselho Nacional da Diáspora ele afirmou:
“Admito que não teria uma solução muito diferente desta que foi adotada, na medida em que não foi possível identificar ao longo destes anos um comprador para o Banif.”
Logo de seguida, o líder do PSD/Madeira, Miguel Albuquerque, informava que tinha dado indicações aos seus deputados para viabilizar o Retificativo do PS, uma vez que ele resolve uma situação “muito importante” para a região, “que é a manutenção dos depósitos e assegurar os depósitos no Banif e os postos de trabalho”.