Investidores colocam BCE "sob fogo" por este ter permitido a Portugal causar perdas aos investidores de perto de 2 mil milhões de euros.
Investidores colocaram o Banco Central Europeu (BCE) "sob fogo" por este ter permitido a Portugal causar perdas aos investidores de perto de 2 mil milhões de euros em obrigações não subordinadas (seniores) do Novo Banco, noticia hoje o Financial Times.
O Banco de Portugal anunciara a 29 de dezembro a passagem para o 'banco mau', ou seja, o ainda chamado BES, das obrigações não subordinadas ou seniores destinadas a investidores institucionais (como fundos de investimento, públicos ou privados) que ficaram no Novo Banco aquando do resgate BES, em agosto de 2014.
Através desta medida o capital do Novo Banco foi reforçado em 1.985 milhões de euros, permitindo-lhe assim cumprir as exigências regulamentares.
Com com esta medida aplicada em Portugal, os investidores consideram que o novo regime europeu para evitar a falência de bancos fez um "péssimo começo", de acordo com o Financial Times.
Têm sido muitas as denúncias e reclamações dos investidores em relação a esta medida, ameaçando com ações judiciais e alegando que está a ser violado o princípio da igualdade de tratamento para proteger os detentores de títulos da mesma classe.
De acordo com Philippe Bodereau, responsável da Pimco, um dos maiores investidores de dívida do mundo, "[estas medidas] estão a dar um sinal de que os direitos de propriedade e o estado de Direito em Portugal não são respeitados".
Na opinião dela, o que é "ainda mais preocupante" e que as medidas foram autorizadas em Portugal debaixo da vigilância do BCE, depois de este ter concluído em novembro de 2015 que o Novo Banco era viável.
"Não é claro que o BCE tenha aprovado este plano, mas o facto de ele ter sido permitido deveria alarmar os emissores de financiamento e capital do sistema bancário da zona euro", disse Bodereau.
De acordo com o responsável, a situação levanta ainda "sérias dúvidas" sobre se outras entidades portuguesas são investimentos seguros e levanta igualmente questões relativas a "outros bancos periféricos na Europa, que não estão exatamente em grande forma".