O Royal Bank of Scotland anuncia um ano catastrófico para os investidores e aconselha os seus clientes a venderem ações e comprarem obrigações seguras.
O Royal Bank of Scotland alerta para um ano "catastrófico" com quedas do preço das ações e do petróleo e aconselha aos seus clientes passar a comprar obrigações.
Os investidores enfrentam um "ano catastrófico" onde os mercados de ações poderão cair até 20% e o petróleo poderá descer para $16 por barril, segundo economistas do Royal Bank of Scotland.
Numa carta aos clientes, o banco disse o seguinte:
"Vendam tudo exceto as obrigações de alta qualidade. Trata-se do retorno do capital, não da sua remuneração. Numa sala pequena, as portas de saída são pequenas."
O banco disse que a situação atual é uma reminiscência de 2008, quando o colapso do banco de investimentos Lehman Brothers levou à crise financeira global. Desta vez quem pode gerar a crise é a China.
Os mercados de ações já se encontram sob forte pressão no início de 2016, com o FTSE 100 a cair 5% no seu pior início do ano desde 2000. Nos EUA, o Dow Jones Industrial Average apresentou o pior resultado do princípio do ano.
Os preços do petróleo também caíram significativamente devido aos receios de uma menor procura e um excesso de oferta, especialmente agravados pelo facto de o Irão ter que começar novamente exportações quando as sanções forem levantadas. As tensões entre o Irão e a Arábia Saudita fazem com que seja menos provável que a OPEP possa concordar em cortar a produção para deter a queda dos preços. O petróleo Brent está já no nível mais baixo desde abril de 2004.
Os investidores assustam-se com receios de um abrandamento grave da economia chinesa e uma queda do valor do yuan, e a situação é agravada pelo colapso do mercado de ações do país, apesar das tentativas das autoridades do país de restringir as vendas.
Andrew Roberts, chefe de crédito do RBS, disse: "A China começou uma correção importante, o que pode ter um efeito de bola de neve. As ações e os empréstimos tornaram-se muito perigosos."
Os mercados têm sido apoiados por algum tempo pelas taxas de juros baixas, as medidas de estímulo dos bancos centrais, incluindo a flexibilização quantitativa, e esperanças de uma recuperação económica. Mas com a subida das taxas de juros pela Reserva Federal e presumivelmente pelo Banco de Inglaterra, este apoio pode desaparecer.
Roberts disse que os mercados europeus e norte-americanos poderiam perder de 10% a 20%, especialmente com o FTSE 100 em risco devido à predominância das empresas de matérias primas no índice do Reino Unido. "Londres é vulnerável a um impacto negativo. Todas estas pessoas que são compradores das empresas petrolíferas e mineiras que crêem que os dividendos sejam seguros vão descobrir que não é nada disto."
"Suspeitamos que 2016 se caracterize por um maior foco no abandono de posições nas três classes de ativos principais que se benefeciaram da flexibilização quantitativa: 1) mercados emergentes, 2) empréstimos, 3) ações (...) Os riscos são altos."
O RBS não é a única voz negativa no momento. Também os analistas do JP Morgan aconselharam aos seus clientes vender quaisquer ações.
A Morgan Stanley disse que o petróleo poderia cair até 20% por barril, enquanto o Standard Chartered previu uma queda ainda maior, para um mínimo de $10. O Standard disse: "Tendo em conta que não há nenhuma relação fundamental que impulsione o mercado do petróleo para um equilíbrio, os preços estão a ser alterados quase totalmente pelos fluxos financeiros causados pelas fluctuações nos preços de outros ativos, incluindo os mercados do dólar e de ações dos Estados Unidos.
"Consideramos que os preços podem cair para $10 por barril antes que a maioria dos gestores de dinheiro do mercado admitam que as coisas tinham ido longe demais."