As ações da maior construtora nacional foram suspensas da negociação na bolsa quando estavam a cair mais de 20%.
O Diário Económico noticia que a CMVM - Comissão do Mercado de Valores Mobiliários - confirmou que suspendeu a negociação dos títulos da Mota Engil na Bolsa de Valores de Lisboa. O Económico está convencido que o regulador de mercado deverá estar a exigir esclarecimentos à empresa sobre a desvalorização superior a 20% das acções no arranque desta segunda-feira. Passa-se que a construtora perdeu mais de 40% do seu valor nas últimas duas semanas e é hoje uma das acções que mais desvaloriza na Europa.
As explicações para esta queda oferecidas pelos analistas são baseadas na exposição a Angola e queda do preço do petróleo. À hora em que foram suspensas, pelas 10h19, As acções da Mota Engil afundavam 21,64% para mínimos de 2012, cotando nos 1,13 euros.
"A construtora nacional acaba por ser arrastada pela situação crítica em que Angola se encontra, fruto das penosas depreciações do barril de petróleo. A dependência da cotada dos negócios com África é elevada, pelo que a situação complexa que o país de Eduardo dos Santos atravessa pode penalizar severamente os resultados do grupo. Na eminência do preço do ouro-negro continuar a caminho dos 25 dólares, os investidores começam a descontar no preço da Mota-Engil as perdas que poderão ser observadas como resultado da quebra de negócio", explica Pedro Ricardo Santos, gestor da XTB.
O analista da Patris Investimentos Albino Oliveira, refere à Reuters, que esta queda "reflecte a preocupação do mercado com uma empresa endividada num enquadramento económico difícil e exposta ao preço do preço do petróleo através de Angola". O analista acrescenta que "com a queda continua o preço do petróleo, pode ser mais difícil para Angola pagar à Mota Engil".
O preço do barril de petróleo Brent, que serve de referência às exportações portuguesas, já afundou esta segunda-feira 4,4% para os 27,67 dólares, ou seja o valor mais baixo em mais de 12 anos. A tendência de depreciação é semelhante em Nova Iorque onde o barril de crude WTI desvaloriza 2,5% para os 28,50 dólares. O excesso de oferta de petróleo, uma das principais causas para a queda do preço do ouro negro nos últimos meses, tornou-se uma dor de cabeça maior depois de os Estados Unidos terem anunciado este fim-de-semana o fim das sanções ao Irão - que cumpriu o acordo assinado no início do Verão sobre o seu programa nuclear.