Analistas afirmam que os mercados temem que este orçamento não seja cumprido. Presidente do Eurogrupo e primeiro-ministro português tentam acalmar os mercados.
As yields da dívida pública portuguesa a dez anos estão hoje (11 de fevereiro) a subir a pique esta e já passaram a barreira dos 4,5% pela primeira vez desde Agosto de 2014. Esta é a sexta sessão consecutiva de agravamento, o que segundo os analistas contactados pelo Económico se deve às incertezas face ao cumprimento do orçamento.
Pedro Lino, CEO da Dif Broker, afirma que "não existe confiança que este orçamento possa ser cumprido e daí a Comissão Europeia ter exigido mais medidas para compensar e um eventual desvio de execução". A nível interno, a resolução do Banif e a passagem das obrigações do Novo Banco para o BES estão a penalizar os juros, acrescenta Pedro Lino, mas o "principal factor é o orçamento português".
“Os investidores estão a baixar as suas expectativas para a recuperação económica do país, o que afecta o preço das Obrigações do Tesouro”, afirma Steven Santos, da BIG. Segundo ele, a causa desta redução das expectativas está na “recente proposta de Orçamento de Estado, que prevê a reposição de alguns benefícios sociais, menos foco nas exportações e o agravamento das contribuições da banca”.
Hoje, à entrada da reunião do Eurogrupo em que é discutido o Orçamento português, o presidente do grupo de ministros das Finanças da zona euro, Jeroen Dijsselbloem considerou "muito importante" o compromisso do governo português com as regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC), indicando que isso constitui "um sinal de confiança".
Também António Costa tenta acalmar os mercados.
"Seguramente hoje a conclusão pelo Eurogrupo da apreciação do nosso orçamento ajudará a reforçar a confiança e ficará muito claro que este é um orçamento que aposta no crescimento, na criação de emprego, mas também na redução da dívida e do défice", disse o primeiro-ministro hoje de manhã aos jornalistas no parlamento.