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Governo reconhece necessidade de nova estratégia de comunicação com os investidores de modo a conseguir garantir o financiamento do Estado.

Ontem as taxas de juro soberanas refletiam desconforto dos mercados face a Portugal. A taxa a dez anos chegou a 4,5%, aliviou depois para 3,9%, elevando a média deste ano (desde 1 de janeiro) até aos 2,9%. A média em 2015 foi de 2,4%. Em todo o caso, o custo médio desde 2000 é maior: 5,2%.

Mas como bem refere o Diário Económico, os "mercados" que ensombram o Orçamento de 2016 não são uma entidade abstrata e distante, mas sim os credores privados conhecidos. Bancos e fundos de investimento, assim como alguns fundos especulativos.

A estratégia que o governo tenta seguir é a de comunicar melhor e em maior proximidade com esses agentes, tentando desfazer dúvidas de que o país pode não estar apto a reduzir o défice e a dívida como mandam as regras europeias, aponta o Diário de Notícias.

Uma das formas de concretizar essa estratégia é fazer reuniões com esses agentes de forma mais regular, vincar sempre bem o "compromisso" do governo PS em cumprir o Pacto de Estabilidade, mas numa lógica que impulsione o crescimento.

Certamente, tal envolve explicar melhor certas medidas que inquietam ou até irritam alguns investidores e credores oficiais (como as que promovem o rendimento das famílias, com menos impostos e a procura interna, e as que aligeiram pressão sobre a função pública, como as 35 horas e a devolução de salários). É necessário convencer a alta finança mundial de que o plano orçamental vai dar certo com o argumento de que se o país crescer mais, será mais fácil o pagamento da dívida colossal.

Importa recordar que o acesso de Portugal ao dinheiro barato do BCE só acontece porque uma das agências (a DBRS) mantém a dívida do país fora do nível lixo. Num estudo recente do Banco de Portugal infere-se que, se não fosse o BCE, Portugal pagaria mais 2,5 pontos percentuais de juros face a um patamar de 2% a 2,5%. Sendo assim, é fundamental ter uma estratégia de comunicação bem definida, de modo a segurar o rating dessa agência.

Ontem Mário Centeno, à saída do Eurogrupo, levantou um pouco o véu sobre a nova estratégia: para "garantir o financiamento da economia" Portugal foi aconselhado pelos ministros do Eurogrupo (Finanças da zona euro) a "comunicar ao mercado todos estes compromissos, todos estes princípios de ação", que provam que "o governo pretende melhorar o processo de reformas estruturais para trazer mais crescimento" e com isso "trazer a melhoria das finanças públicas".

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