Quem tem crédito beneficia com a aposta do mercado em juros ainda mais negativos, pois investidores esperam mais estímulos económicos da parte do BCE.
O principal indexante do crédito à habitação em Portugal, as taxas Euribor, irá continuar a ajudar a carteira dos portugueses e a assumir valores negativos durante os próximos tempos. Os futuros sobre a Euribor a três meses apresentavam no final da semana passada valores negativos até Junho de 2019, segundo dados da Bloomberg.
O cenário do momento que aponta para uma inversão do sinal para a Euribor a três meses só no terceiro trimestre de 2019, contrasta com a expectativa de até há poucas semanas que colocava um sinal positivo nas taxas já em 2017. Segundo o Económico, Paula Carvalho, economista-chefe do BPI, justifica que “o posicionamento do mercado de futuros, hoje, é uma fotografia do actual sentimento dominante do mercado”, acrescentando que “a leitura do mercado tem sido cada vez mais pessimista, o que se reflecte nos preços dos futuros, que incorporam expectativas de regresso à normalidade em horizontes cada vez mais distantes”.
Neste sentimento pesa muito a expectativa em relação ao desfecho da próxima reunião de política monetária do Banco Central Europeu que acontece daqui a duas semanas, com os especialistas a apostaram num novo reforço das medidas de estímulo económico para a zona euro. Segundo o Económico, há um consenso crescente entre os especialistas do mercado monetário de que os próximos passos de Mario Draghi passarão pelo aumento do montante mensal do programa de flexibilização quantitativa, bem como por uma nova descida da taxa de juro de depósito do BCE dos actuais -0,3%. Tal cenário deverá beneficiar os portugueses com crédito à habitação.
Porém Paula Carvalho, não está convencida de que o cenário de juros negativos se estenda até 2019. A economista explica que no caso da União Europeia, “as economias estão a beneficiar de um choque muito positivo dos termos de troca (queda de cerca de 70% do preço do petróleo em comparação com 2010-13), de políticas monetárias ultra-expansionistas e de políticas orçamentais que se têm tornado mais equilibradas e em alguns casos expansionistas”, lembrando que apesar das dúvidas, nos principais blocos económicos desenvolvidos, as condições são mais favoráveis. “Tudo ponderado, diria que é possível que os juros regressem a valores positivos num horizonte mais curto do que o que está a ser atualmente incorporado nos preços do mercado de futuros da Euribor”, conclui a economista.