O discurso de despedida reforçou a mensagem de que a geração revolucionária manterá controlo sobre o Congresso, mesmo com os seus membros a envelhecer e apesar do facto das relações com os Estados Unidos terem sido normalizadas.
Fidel Castro pareceu imortal ao longo de meio século: presidentes dos Estados Unidos vieram e foram, o Muro de Berlim caiu, Cuba ficou abalada e finalmente Castro, acossado pela doença, renunciou ao cargo.
Esta terça-feira o “líder máximo” tornou-se novamente o centro das atenções. Aparentemente tratou-se de um adeus:
“Estou quase a completar 90 anos” avançou Castro ao Partido Comunista no encerramento do Congresso de quatro dias em Havana. “Logo serei o mesmo que todos os outros. A hora chegará para todos mas as ideias dos comunistas cubanos vão ficar como prova de que se forem elaboradas com fervor e dignidade podem criar bens materiais e culturais de que os seres humanos precisam, e nós precisamos de lutar sem parar para obtê-los.”
A televisão estatal, numa transmissão atrasada e editada, mostrou o antigo presidente, vestido com uma camisa de xadrez e um casaco desportivo, sentado e a consultar notas durante o discurso. Os membros do partido responderam com gritos “Fidel!”
Quem poderia adivinhar que o rebelde que derrubou Fulgencio Batista em 1959, que inspirou e alienou gerações de esquerda e que sobreviveu a 10 presidentes norte-americanos poderia fazer este discurso em 2016 com quase noventa anos?
O Partido Comunista cubano, no entanto, não está a curvar-se diante das dificuldades económicas e da pressão ideológica apesar dos laços diplomáticos restabelecidos com os Estados Unidos.
O sétimo Congresso do partido anunciou que o irmão de Fidel – Raúl Castro, que sucedeu ao mesmo em 2008 – irá manter a sua posição no partido juntamente com o cargo de segundo Comandante.
De acordo com a imprensa estatal Raúl – com 84 anos de idade – permanecerá como primeiro secretário do partido e José Ramón Machado Ventura irá assumir o cargo de segundo secretário.
Machado Ventura, com 85 anos de idade, é conhecido como comunista ortodoxo – tendo resistido aos cautelosos esforços de reforma da economia centralizada.
No Congresso foram ainda designados 5 novos membros – e nenhum defendeu novas reformas.
No seu discurso final, Raúl afirmou que se tratava do último Congresso a ser chefiado pelos atuais líderes:
“O sétimo congresso será o último liderado pela geração histórica”.