Ethereum: guia passo-a-passo para principiantes
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26 de Julho de 2017

A Ethereum é uma plataforma de software aberto, baseada em tecnologia blockchain, que permite que programadores desenvolvam aplicações descentralizadas

É a Ethereum semelhante à Bitcoin? Em parte sim – mas não totalmente

Tal como a Bitcoin (Bitcoin), a Ethereum é uma rede pública. Embora existam diferenças técnicas significativas entre as duas, a mais importante distinção a notar é que a Bitcoin e a Ethereum diferem substancialmente em termos de propósito e capacidade. A Bitcoin oferece uma aplicação particular através da tecnologia blockchain: um sistema de pagamento eletrónico peer-to-peer que permite pagamentos online com Bitcoin. Enquanto a blockchain da Bitcoin é utilizada para rastrear a propriedade de moeda digital (bitcoins), a blockchain da Ethereum foca-se na execução do código de programação de qualquer aplicação descentralizada.

Na blockchain da Ethereum, em vez de minarem bitcoins os mineiros trabalham para ganhar ether, um tipo de token criptográfico que alimenta a rede. Além de surgir como criptomoeda negociável, a ether é também utilizada por programadores de aplicações para pagamento de taxas e de serviços na rede Ethereum.

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Em que consiste um contrato inteligente?

Contrato inteligente é apenas um termo utilizado para descrever um código informático capaz de facilitar a troca de dinheiro, de conteúdo, de propriedade, de ações ou de qualquer coisa com valor. Quando executado na blockchain, um contrato inteligente torna-se como um programa de computador que funciona automaticamente, executando de forma automática uma função quando determinadas condições específicas forem atendidas. Uma vez que os contratos inteligentes são executados na blockchain, a sua execução decorre exatamente como programado – sem qualquer possibilidade de censura, tempo de inatividade, fraude ou interferência de terceiros.

Apesar de todas as blockchains terem capacidade para processar código, a maioria é bastante limitada. Com a Ethereum é diferente. Em vez de conceder um conjunto de operações limitadas, a Ethereum permite que os programadores criem as operações que quiserem. Isto significa que os programadores podem criar milhares de diferentes aplicações – que podem ir muito além do que já vimos.

Ethereum Virtual Machine

Antes da criação da Ethereum, as aplicações na blockchain eram desenhadas para um muito limitado conjunto de operações. A Bitcoin e outras criptomoedas foram desenvolvidas exclusivamente para operar como moedas digitais peer-to-peer.

Deste modo, os programadores encaravam um problema. Ou expandiam o conjunto de funções oferecido pela Bitcoin e outros tipos de aplicações – o que seria bastante complicado e demorado – ou desenvolviam uma nova aplicação blockchain e uma nova plataforma também. Reconhecendo essa situação, o criador da Ethereum – Vitalik Buterin – desenvolveu uma nova abordagem.

A principal inovação da Ethereum é a Ethereum Virtual Machine (EVM) – software completo (Turing) que funciona na rede Ethereum. A mesma permite que qualquer um execute qualquer programa, independentemente da linguagem de programação, contando com tempo e memória suficientes. A Ethereum Virtual Machine torna o processo de criar aplicações na blockchain muito mais fácil e eficiente do que antes. Em vez de ter de criar uma blockchain original para cada nova aplicação, a Ethereum permite o desenvolvimento de diferentes aplicações numa só plataforma.

Para que pode ser usada a Ethereum?

A Ethereum permite que programadores criem e implantem aplicações descentralizadas. Uma aplicação descentralizada ou Dapp serve um propósito particular para os seus utilizadores. A Bitcoin, por exemplo, é uma Dapp que fornece aos seus utilizadores um sistema de pagamento eletrónico peer-to-peer que permite pagamentos online com Bitcoin. Como as aplicações descentralizadas são criadas com código que é executado numa rede blockchain, não são controladas por qualquer indivíduo ou entidade central.

Quaisquer serviços centralizados podem ser descentralizados usando Ethereum. Pense em todos os serviços intermediários que existem em centenas de indústrias diferentes: de serviços óbvios (como empréstimos fornecidos por bancos) a serviços intermediários e raramente relembrados pela maioria das pessoas (como registos, sistemas de votação e muito mais).

A Ethereum também pode ser usada para criar Decentralized Autonomous Organizations (DAO). Uma DAO é uma organização totalmente autónoma, descentralizada e sem líder. É executada com código de programação numa coleção de contratos inteligentes escritos na blockchain da Ethereum. O código é desenhado para substituir as regras e a estrutura de uma organização tradicional, eliminado a necessidade de indivíduos e de controlo central. Uma DAO é detida por qualquer um que compre tokens, mas em vez de cada token ser equivalente a participação e propriedade, age como contribuição que concede direito de voto.

Quais os benefícios da plataforma descentralizada?

Uma vez que as aplicações descentralizadas são executadas na blockchain, estas beneficiam de todas as suas propriedades.

  • Imutabilidade: um terceiro não pode fazer alterações aos dados.
  • Proteção contra acesso não-autorizado: as aplicações estão baseadas numa rede formada ao redor do princípio de consenso, impossibilitando a censura.
  • Segurança: criptograficamente seguras, as aplicações estão bem protegidas contra ataques de hackers e atividades fraudulentas.
  • Sem tempo de inatividade: as aplicações nunca vão abaixo e nunca podem ser desligadas.

Quais as desvantagens das aplicações descentralizadas?

Apesar de fornecerem uma série de benefícios, as aplicações descentralizadas não estão isentas de desvantagens. Uma vez que o código dos contratos inteligentes é escrito por humanos, os contratos inteligentes são tão bons como os indivíduos que os escrevem. Erros de código ou enganos podem conduzir a tomada de ação adversa não intencional. Se um erro no código for explorado, não há forma mais eficiente de um ataque ser parado do que através da obtenção de consenso de rede e reedição do código subjacente. Tal vai contra a essência da blockchain, que se destina a ser imutável. Qualquer ação tomada por uma parte central levanta sérias questões sobre a natureza descentralizada da aplicação.

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Que aplicações estão atualmente a ser desenvolvidas na Ethereum?

A plataforma Ethereum está a ser utilizada para criar aplicações para uma ampla gama de serviços e indústrias. Porém, os programadores encontram-se em território inexplorado, logo é difícil saber que aplicações serão bem-sucedidas e quais irão falhar. Seguem-se alguns projetos interessantes.

  • A Weifund fornece uma plataforma aberta para campanhas de crowdfunding que recorrem a contratos inteligentes. A mesma permite que as contribuições sejam transformadas em ativos digitais que podem ser usados, negociados ou vendidos dentro do ecossistema Ethereum.
  • A Uport fornece aos seus utilizadores uma forma segura e conveniente de controlar totalmente a respetiva identidade e informação pessoal. Em vez de dependerem de instituições governamentais e de “confiarem” as suas identidades a terceiros, os utilizadores controlam quem pode aceder aos/utilizar os seus dados e informação pessoal.
  • A BlockApps procura fornecer uma forma mais fácil para as empresas construírem, gerirem e implantarem aplicações na blockchain. Desde aplicações simples a sistemas mais complexos, a BlockApps fornece as ferramentas necessárias para a criação de aplicações privadas, semi-privadas e públicas na blockchain.
  • A Provenance utiliza a Ethereum para tornar mais transparentes cadeias de fornecimento opacas. Ao traçar a origem e histórico dos produtos, o projeto visa construir uma estrutura aberta e acessível de informação para que os consumidores possam tomar decisões informadas quando compram produtos.
  • A Augur é uma plataforma (de código aberto) focada em previsões quanto aos mercados: permite que qualquer um preveja eventos e seja recompensado pela sua correta previsão. As previsões quanto a eventos reais com lugar no futuro – como quem irá vencer as próximas eleições presidenciais nos EUA – são “mantidas” através da negociação de ações virtuais. Se uma pessoa comprar ações de uma previsão que se venha a mostrar correta, será recompensada.

Uma mudança no código da Ethereum

Em junho de 2016, hackers exploraram uma vulnerabilidade no código de projeto baseado na Ethereum (DAO), roubando o equivalente a cerca de 742 milhões de dólares. Depois de muito debate, a comunidade de Ethereum votou e decidiu recuperar os fundos roubados ao executar o que é conhecido como hard fork ou mudança de código. O hard fork moveu os fundos roubados para um novo contrato inteligente – desenhado para que os proprietários originais resgatassem os seus tokens. No entanto, as coisas complicaram-se. As implicações desta decisão eram controversas e o tema deu lugar a debate intenso.

Segue-se a razão: a Ethereum baseia-se em tecnologia blockchain onde todas as transações devem ser irreversíveis e imutáveis. Ao executar um hard fork, reescrevendo o código, a Ethereum estabeleceu um perigoso precedente que foi contra a própria essência da blockchain. Se a blockchain for alterada sempre que uma grande quantia de dinheiro estiver envolvida, ou pessoas suficientes forem afetadas negativamente, perderá o seu valor – enquanto opção segura, anónima, inviolável e inalterável.

Recuperar o dinheiro dos investidores exigia ações que iam contra os ideais fundamentais da descentralização, constituindo-se um perigoso precedente. Entretanto, foi apresentada uma solução menos agressiva – soft fork – mas a comunidade de Ethereum e os seus fundadores estavam numa posição sensível. Se não recuperassem o dinheiro roubado, perder-se-ia a confiança na Ethereum.

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A consequência: divisão da Ethereum

No final, a maioria da comunidade Ethereum votou pela execução de hard fork e recuperação do dinheiro dos investidores. No entanto, nem todos concordaram com essa ação. Tal resultou em divisão, com duas blockchains a existirem agora em paralelo. Para os membros que estavam em forte desacordo com quaisquer alterações à blockchain mesmo em situação de ataque de hackers existe a Ethereum Classic. Para a maioria, que concordou com a reedição de uma pequena parte da blockchain e devolução do dinheiro roubado aos seus proprietários, há a Ethereum.

Ambas as blockchains contam com as mesmas características e são idênticas em todos os aspetos até um certo bloco, onde o hard fork foi implementado. Isto significa que tudo o que aconteceu na Ethereum até ao hard fork ainda é válido na blockchain Ethereum Classic. Do bloco em que o hard fork (ou alteração ao código) foi executado em diante, as duas blockchains agem individualmente.

Um futuro de possibilidades para a Ethereum

Apesar das consequências do ataque acima descrito, a Ethereum segue em frente, em direção a um futuro brilhante. Ao fornecer uma plataforma fácil de utilizar, que permite que os indivíduos tirem proveito do poder da tecnologia blockchain, a Ethereum está a acelerar a descentralização da economia mundial. As aplicações descentralizadas têm potencial para revolucionar centenas de indústrias e setores da economia – das Finanças ao Mercado Imobiliário, passando pelo Ensino, Seguros, Cuidados de Saúde e Setor Público, entre outros.

Embora ainda seja cedo – e sem dúvida que se verificarão mais obstáculos – a Ethereum parece uma plataforma verdadeiramente revolucionária, com um futuro prometedor.

Fonte: Blockgeeks

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