O Livro Branco de uma ICO pormenoriza os detalhes comerciais, tecnológicos e financeiros de uma nova criptomoeda, colocando-os em termos compreensíveis para o comum mortal
Nem sempre é fácil um indivíduo estar atualizado quanto à entrada de novas criptomoedas no mercado. Atualmente parece que as Initial Coin Offerings (Oferta Inicial de Moeda ou ICO na sigla original) têm lugar diariamente.
Com as criptomoedas a atingirem um tal ritmo de crescimento – com amplo destaque junto dos meios de comunicação também – não é surpreendente que se verifique “impaciência” no desenvolvimento de novas ofertas o mais rápido possível.
Porém, uma ICO envolve um longo processo de estruturação – se for bem feita. Além do desenvolvimento tecnológico da moeda em si (que poderá incluir a implantação de plataformas, carteiras e outros extras) há um grande número de fatores adicionais a considerar – e há um elemento fundamental muitas vezes esquecido durante todo o processo: o White Paper ou Livro Branco.
Para aqueles que nunca estiveram atentos a uma ICO (muitos indivíduos preferem trabalhar com moedas mais estabelecidas), o Livro Branco é um documento que se prepara antes do lançamento de uma nova criptomoeda.
O Livro Branco pormenoriza detalhes comerciais, tecnológicos e financeiros da nova moeda, colocando-os em termos digeríveis (compreensíveis para o comum mortal). Simplificando: é tudo o que o potencial investidor precisa de saber sobre a moeda para decidir se quer investir, comprar ou usar.
À luz do que um Livro Branco deve ser é surpreendente o número de ICO que não o leva a sério. São muitas as entidades a produzir apenas um sub-documento que dá ao leitor pouca ou nenhuma informação sobre a criptomoeda em questão – em vez de avançarem um pitch de marketing quanto ao quão incrível a moeda será e como irá superar todas as que já existem.
Assim, aconselha-se a leitura dos pontos que se seguem por parte de quem está atualmente envolvido numa ICO e se vê confrontado com a tarefa de redigir o Livro Branco (se o objetivo for aumentar potenciais vendas durante a ICO, claro).
1. "Keep it simple"
Os Livros Brancos são frequentes vítimas de informação non-stop – ou seja, de excesso de informação.
Há, assim, que limitar a informação à necessária para o leitor – para que este não se aborreça. Apresente a informação de forma simples e fácil de ler.
Comece com informação não-técnica e depois siga para questões mais técnicas. O leitor poderá não ter o mesmo nível de conhecimento técnico que os indivíduos envolvidos na ICO logo será importante a adoção de linguagem acessível, sem terminologia técnica desnecessária.
Muitos potenciais investidores apenas terão essa intenção: investir – e, nesse sentido, só querem saber o que a moeda tem para oferecer (ou seja, não se interessam tanto pelo funcionamento da moeda).
2. Não diga apenas – mostre também
Os gráficos são tudo num Livro Branco. Nunca subestime o seu poder. Ajudam a quebrar a monotonia do texto e permitem a transmissão de informação-chave. Gráficos, tabelas, logótipos – tudo tem utilização.
Mais: os documentos mais abrangentes, concisos e bem estruturados contêm imagens.
No entanto, não inclua imagens apenas por incluir. Não se trata de uma revista. Têm de ser relevantes. Apenas inclua imagens que transmitam algum tipo de informação relevante para o leitor.
Conclusão: ofereça ao leitor factos e números importantes de forma clara – para os quais possa olhar sem ter de explorar todo o documento minuciosamente. Tal é especialmente importante numa situação em que um potencial investidor pretenda comparar a sua oferta a outras.
3. Não se esqueça da componente financeira
Lembre-se: apesar da forte componente tecnológica as criptomoedas surgem como instrumento financeiro. É surpreendente a quantidade de Livros Brancos omissos quanto ao elemento financeiro da criptomoeda em questão.
Assim, inclua alguns tópicos-chave. Quanto é que vê a sua moeda a valer? Que dimensão poderá alcançar a sua capitalização de mercado?
E mais: explique as razões. Se os Livros Brancos culpados por não incluírem informação financeira são muitos os Livros Brancos que não explicam o raciocínio por detrás dos números são ainda mais.
Explique ao leitor porque prevê esses números. Sem qualquer explicação tangível a sua oferta poderá apenas mostrar como os indivíduos por detrás da criação da nova criptomoeda irão enriquecer.
4. Equilibre a informação "tecnológica"
Escusado será dizer que o Livro Branco deve conter informação tecnológica. No entanto, tente encontrar um equilíbrio entre apresentar uma visão completa de como a sua oferta irá operar tecnologicamente e avançar zero informação ao redor da mesma.
Inclua quaisquer patentes, direitos de autor ou proteções reais que a sua tecnologia tenha alcançado/estabelecido.
5. Crie proximidade – e construa confiança
Apresente-se, explique por que razão você (ou a sua empresa) está a lançar essa criptomoeda e porque escolheu esta altura para a respetiva colocação no mercado. Fale das vantagens reais que a sua criptomoeda oferece, diga mais do que apenas “notámos uma necessidade no mercado...”
Explique por que razão o investidor precisa da sua criptomoeda.
Mais importante ainda: convide potenciais investidores a comunicar consigo sobre a sua oferta, deixando claro que está disponível agora e no futuro – e que são todos parte da mesma equipa.
Lembre-se: as criptomoedas estão a atrair a atenção de investidores que controlam quantias significativas de fundos. Crie relações estáveis com os mesmos.
6. Torne-o único
Por último certifique-se de que o seu Livro Branco reflete a sua empresa e a sua oferta – com a imagem pela qual quer ser conhecido. Quanto mais cedo construir a sua marca e consciencialização ao redor da mesma, mais sucesso o seu projeto terá.